Mal a crise do Pix começou a esfriar, o governo Lula (PT) enfrenta uma nova onda de críticas nas redes sociais. Desta vez, a polêmica gira em torno de uma sugestão para alterar o formato de indicação da data de validade dos alimentos, que nem sequer partiu do governo, mas do setor de supermercados. A ideia gerou intensos debates nas redes sociais e levou o governo a recuar de uma medida que nem chegou a ser oficialmente anunciada.
A origem da crise
Buscando formas de combater a inflação dos alimentos, o governo Lula está analisando medidas sugeridas pelo setor de supermercados. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, chegou a mencionar em entrevista que essas medidas poderiam ser implementadas no primeiro bimestre do ano, sem detalhar quais seriam. Uma das sugestões discutidas é a adoção de uma indicação de consumo preferencial ("melhor consumir antes deÂ…"), semelhante ao modelo utilizado nos Estados Unidos.
A proposta foi criticada por parlamentares e setores da sociedade, que interpretaram a medida como uma tentativa de permitir a venda de alimentos fora do prazo de validade. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, afirmou: "A picanha não veio, e se vier, será podre". A declaração gerou uma enxurrada de reações, levando o governo a esclarecer que a medida não foi oficialmente anunciada.
O papel das redes sociais
A polêmica ganhou grande repercussão nas redes sociais, com publicações que alcançaram milhões de visualizações e estimularam debates acalorados. Um dos destaques foi o deputado Nikolas Ferreira, que obteve ampla audiência ao abordar o tema em suas plataformas digitais. A narrativa contribuiu para o aumento da pressão pública e para o recuo na avaliação da medida.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também comentou o assunto, ressaltando a importância de se manter vigilante em relação às propostas em discussão: "Se não fossem as redes sociais, o governo Lula poderia colocar alimentos vencidos no prato do povo brasileiro".
Os desafios da comunicação governamental
Especialistas apontam que o governo Lula enfrenta dificuldades para consolidar uma estratégia de comunicação eficaz. Daniel Dubosselard Zimmermann, professor da USP, destaca que a ausência de Lula nas redes sociais cria uma desconexão com o público. Ele também observa que mensagens mais longas e explicativas podem não ser tão eficientes no ambiente digital, que demanda conteúdos mais curtos e diretos.
João Feres, cientista político da UERJ, acrescenta que a descentralização da comunicação entre os ministérios dificulta respostas rápidas e unificadas. Ele ressalta que a coordenação centralizada pode ser fundamental para evitar crises como as recentes.
A reação do governo
Em resposta às crises, o presidente Lula determinou que todas as portarias ministeriais passem pelo aval da Casa Civil antes de serem publicadas. Além disso, o Partido dos Trabalhadores (PT) convocou a militância para uma plenária virtual com Sidônio Palmeira, publicitário à frente da Secretaria de Comunicação (Secom), com o objetivo de alinhar as estratégias de comunicação.
A tarefa de melhorar a comunicação é um desafio urgente para o governo Lula, que busca se adaptar à dinâmica rápida do ambiente digital e consolidar uma narrativa que dialogue de forma mais efetiva com a sociedade.
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