O delegado e deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP) conseguiu reaver a arma e o distintivo após ter os objetos apreendidos em meio a sindicância interna. Mais conhecido como Da Cunha e com forte presença nas redes sociais, ele é investigado em ao menos dois processos demissionários da Polícia Civil de São Paulo e é suspeito de simular operações policiais, como a prisão de um suposto líder do PCC.
A decisão de devolver os objetos foi tomada pelo delegado-geral de Polícia, Artur José Dian. Em vídeo publicado na internet na quinta-feira (27), o deputado mostra a carteira funcional de delegado e a pistola recuperados. Ele agradece o gesto ao secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), além dizer que é vítima de uma perseguição do governo anterior.
Embora os itens tenham sido devolvidos, os processos que apuram a conduta do deputado seguem em tramitação na Polícia Civil. Em junho de 2022, o Conselho da Polícia Civil de São Paulo aprovou a demissão do então delegado. O caso foi encaminhado à Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).
Em nota, a SSP-SP destacou que a "competência para recolher ou restituir a arma, funcional e distintivo de policiais civis é exclusiva do Delegado Geral de Polícia", conforme lei complementar.
– Nenhuma autorização ou manifestação adicional é necessária – completou.
A secretaria também salientou que "a revogação da medida cautelar não afeta o andamento do processo disciplinar em curso contra o referido policial".
Da Cunha se tornou conhecido na internet nos últimos anos, acumulando mais de 3,6 milhões de seguidores no YouTube e 2 milhões no Instagram. Os registros em vídeos feitos no exercício da função de delegado não tinham a autorização dos superiores, segundo a polícia.
Ele chegou a admitir no ano passado ter cometido "erros", mas não entrou em detalhes.
– As más criações que eu fiz erraram comigo e eu também errei. Então, elas ficaram para trás. Se eu errei assim lá atrás, não vou errar mais – afirmou nas redes sociais à época.
Da Cunha foi afastado da Polícia em 2021. Naquele mesmo ano, confessou ter encenado em vídeo o flagrante de um sequestro na capital paulista.
Em agosto do ano passado, Da Cunha também virou alvo de um segundo processo demissionário aprovado pelo Conselho da Polícia Civil. A razão do novo pedido são declarações contra integrantes da cúpula da instituição, entre eles, o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. Como o processo anterior, esse também foi encaminhado para definição do governo.
*AE