A operação da Força Nacional no Rio de Janeiro, iniciada em outubro de 2023, completou um ano com resultados que ficaram aquém das expectativas. Apesar de promessas de integrar forças para combater o crime organizado, os números divulgados indicam impactos limitados na segurança pública, enquanto os custos e as críticas se acumulam.
O Início da Operação
A presença da Força Nacional foi solicitada pelo governador Cláudio Castro (PL) ao então ministro da Justiça, Flávio Dino, após um vídeo exibido pela TV Globo mostrar traficantes em treinamento armado no Complexo da Maré, um espaço destinado a recreação. A decisão também foi influenciada por episódios de violência, como o assassinato de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, um caso em que uma das vítimas foi confundida com um miliciano.
A operação tinha como objetivo apoiar as polícias Federal e estadual para "asfixiar" o crime organizado, reunindo policiais militares, civis, bombeiros e peritos de diferentes estados.
Resultados Alcançados
Entre outubro de 2023 e novembro de 2024, a atuação da Força Nacional resultou em:
- 10.100 maços de cigarros apreendidos;
- 14 lotes de munição;
- 1 arma de fogo;
- menos de 1 kg de drogas;
- 12 prisões em flagrante.
Os dados foram fornecidos pelo Ministério da Justiça por meio da Lei de Acesso à Informação.
Apesar da presença de 596 agentes e um custo total de R$18,4 milhões (média de R$44 mil por dia), os números demonstram um impacto limitado. Especialistas e dados oficiais apontam a gravidade do cenário:
- 3.181 homicídios dolosos registrados na região metropolitana do Rio;
- 754 mortes por intervenção policial;
- 13 policiais militares mortos em serviço no mesmo período.
Críticas à Estratégia
A atuação da Força Nacional se concentrou em rodovias e no aeroporto internacional, sem incursões nas favelas devido ao desconhecimento das dinâmicas locais. Para o coronel da reserva Robson Rodrigues, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, a operação foi marcada por falhas:
"São medidas improvisadas, paliativas e sem impacto nenhum."
Rodrigues também sugeriu que a estratégia desviou o foco das críticas à gestão de segurança estadual, enquanto o governador Castro, em diversas ocasiões, criticou as limitações impostas pela ADPF 635, que restringe operações policiais em comunidades.
Custos Humanos e Contexto
A operação enfrentou desafios internos, incluindo a morte de três agentes da Força Nacional:
- Um caso de feminicídio em 2023;
- Duas mortes por problemas de saúde em 2024.
Enquanto isso, o governo estadual registrou um aumento de 20,9% na apreensão de fuzis, totalizando 687 unidades entre 2023 e 2024. Ainda assim, a gestão estadual reconheceu em nota que a Força Nacional é uma "ajuda bem-vinda, mas insuficiente".
O Futuro da Força Nacional no Rio
A atuação da Força Nacional foi prorrogada até março de 2025. Contudo, especialistas e autoridades permanecem divididos quanto à eficácia e aos custos dessa presença no combate ao crime organizado.
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