Alvo de críticas públicas, inclusive do próprio presidente Lula, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, o petista Paulo Pimenta, resolveu quebrar o silêncio e se defender.
Em entrevista à coluna nesta segunda-feira (9/12), Pimenta minimizou a declaração dada por Lula em evento do PT na sexta-feira (6/12), na qual o presidente criticou a comunicação do governo.
O ministro-chefe da Secom disse ser "natural" a preocupação do petista e ressaltou que a crítica feita pelo presidente vai além do governo, abrangendo o próprio PT e a esquerda no mundo todo.
Para Pimenta, a esquerda no mundo todo enfrenta uma "dificuldade" e uma "incapacidade" de "construir uma narrativa capaz de fazer frente ao avanço da extrema direita".
"O presidente fez uma avaliação crítica sobre a comunicação que vai para além do governo. Quer dizer, a esquerda, o PT, a dificuldade, a incapacidade que a esquerda tem tido de construir uma narrativa capaz de fazer frente ao avanço da extrema direita, que é uma preocupação que eu também tenho", afirmou.
Em meio a notícias de que pode deixar o cargo, o ministro contou ter despachado com Lula nesta segunda "normalmente" e que o presidente "não falou" com ele sobre qualquer tipo de mudança no cargo.
Pimenta, contudo, colocou-se à disposição para ajudar Lula em qualquer outra função. Ele disse ser um ministro com "relações pessoais" e com "lealdade" ao atual presidente da República.
"Da mesma forma que eu fui convidado por ele para estar aqui, ele sabe que pode contar comigo para qualquer tarefa, para qualquer função", declarou.
O ministro também minimizou notícias de que Lula tem recorrido ao publicitário Sidônio Palmeira, responsável pelo marketing da campanha eleitoral do petista em 2022.
Para Pimenta, o fato de Sidônio ter ajudado, por exemplo, no recente anúncio do pacote de corte de gastos feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não significa que o ministro esteja enfraquecido.
"Veja bem: eu não sou um publicitário, eu não sou um marqueteiro. O presidente Lula sempre teve secretários da Secom, mas o governo teve o João Santana, o Duda Mendonça, certo? Que são estratégias de comunicação, que trabalham em campanhas eleitorais. E o Sidônio é uma pessoa muito qualificada, uma pessoa em quem o presidente confia e eu também confio", disse.
Leia a entrevista na íntegra:
A que se devem essas especulações de que o senhor vai sair da Secom?
As preocupações que o presidente tem são preocupações que eu comungo, que eu considero absolutamente naturais, ainda mais para uma pessoa no papel dele, com a responsabilidade dele. O presidente sabe o que significa o sucesso do nosso governo, não só para o Brasil, mas para o cenário internacional. No momento em que a gente tem uma avaliação de que nós temos um governo, que é um governo bom, mas que as avaliações sobre o governo não estão como nós gostaríamos, é natural que ele tenha uma preocupação, certo? Que é a mesma preocupação que eu tenho.
O senhor viu como uma bronca a crítica do presidente à comunicação do governo no evento do PT?
Não. O presidente fez uma avaliação crítica sobre a comunicação que vai para além do governo. Quer dizer, a esquerda, o PT, a dificuldade, a incapacidade que a esquerda tem tido de construir uma narrativa capaz de fazer frente ao avanço da extrema direita, que é uma preocupação que eu também tenho.
Então, o presidente sabe que eu sou uma pessoa que ele pode contar, uma pessoa das relações pessoais, de lealdade, de compromisso com o nosso projeto e com ele. E ele sabe que eu estou aqui para executar e ajudar todos os ajustes necessários para que a gente possa alcançar os objetivos que ele quer.
Que ajustes são esses que vocês podem fazer?
Ajustes da comunicação, na linha da comunicação, eventuais mudanças mais profundas. Isso é coisa que ele tem que decidir no momento que ele decidir. Da mesma forma que eu fui convidado por ele para estar aqui, ele sabe que pode contar comigo para qualquer tarefa, para qualquer função.
Ele já conversou com o senhor sobre uma possível mudança?
Nós conversamos hoje, despachamos normalmente. O presidente não falou comigo sobre nenhum tipo de mudança. Tivemos uma agenda normal de despacho sobre as coisas da comunicação, de planejamento das atividades de fim de ano. Amanhã tem uma agenda normal com ele, e o trabalho aqui na Secom continua absolutamente dentro da normalidade.
Ele não comentou nada de o senhor ir para Secretaria-Geral, como se especula?
Nada. Não conversamos nada que envolva possibilidade de mudança e alteração. São preocupações que a gente conversa sempre. Entendo, respeito, acho que ele tem todos os motivos para ficar preocupado, ele tem noção da responsabilidade dele, do papel dele.
Acha que foi mal divulgada a questão do mapa da fome?
Não, foi não. Não é uma questão pontual. É geral, de construção da narrativa. E é o desafio que está colocado para a esquerda no mundo.
Lula já falou com o senhor sobre uma possível reforma ministerial?
Não, não tem falado comigo sobre isso.
Mas acha que pode acontecer, a partir do próximo ano?
Não saberia te afirmar se o presidente trabalha com esse cenário.
Por que o senhor não participou da reunião ministerial sobre estatais nesta segunda-feira?
O relato sobre a EBC foi feito na primeira reunião. Hoje participaram os ministros de empresas que não tinham sido tratadas. Então, não tinha sentido.
O fato de o (marqueteiro) Sidônio (Palmeira) ter participado da elaboração do anúncio do pacote fiscal seria um sinal de enfraquecimento do senhor?
Veja bem: eu não sou um publicitário, eu não sou um marqueteiro. O presidente Lula sempre teve secretários da Secom, mas o governo teve o João Santana, o Duda Mendonça, certo? Que são estratégias de comunicação, que trabalham em campanhas eleitorais. E o Sidônio é uma pessoa muito qualificada, uma pessoa em quem o presidente confia e eu também confio.
O senhor tem uma boa relação com o Sidônio?
Ótima. A ajuda do Sidônio sempre foi muito bem-vinda aqui. E tudo aquilo que o Sidônio puder colaborar com o nosso projeto e nosso governo para nós é muito importante e muito positivo.
Acha que ele pode assumir um cargo de assessor especial?
Não sei. Mas acho que o Sidônio é uma pessoa importante, qualificada e, quanto mais perto ele estiver de nós, mais ele nos ajuda.
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