O levantamento TIC Domicílios 2024, realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), revela que os brasileiros estão mais familiarizados com a internet, acessam mais serviços públicos na rede e realizam mais compras online.
A pesquisa, que mapeia o comportamento dos usuários brasileiros na internet e sua evolução digital, mostra um aumento nas habilidades digitais, mas essas habilidades ainda predominam entre pessoas com maior escolaridade.
Por exemplo, 80% dos usuários de internet com Ensino Superior afirmam verificar a veracidade de informações encontradas no ambiente digital, enquanto entre aqueles com Ensino Fundamental esse percentual cai para 52%.
Além disso, os entrevistados da TIC Domicílios indicam que 58% das pessoas com Ensino Superior conseguem alterar as configurações de privacidade para limitar o compartilhamento de dados. Entre os que têm Ensino Fundamental, esse índice é de apenas 18%.
Entre os que relataram não possuir nenhuma das habilidades digitais investigadas, 51% têm Ensino Fundamental e 8% possuem Ensino Superior.
"Apesar dos avanços em direção à universalização do acesso à internet no Brasil, os dados da TIC Domicílios também mostram que a qualidade desse acesso ainda é desigual, o que impacta o aproveitamento das oportunidades online por diferentes parcelas da população", afirma Barbosa.
Com relação aos serviços públicos online na área da saúde, a pesquisa aponta que essa foi a ação mais realizada entre os usuários de internet com 16 anos ou mais nos 12 meses anteriores ao levantamento.
- Serviços online de pagamento de impostos e taxas foram mais usados por usuários das classes A (66%) e B (59%).
- Já os serviços digitais relacionados à educação pública — como Enem, Prouni e matrículas em escolas ou universidades públicas — foram acessados em maior proporção pelos usuários de 16 a 24 anos (42%).
- Entre os usuários de internet com ocupação formal, 46% buscaram ou utilizaram algum serviço público vinculado a pagamento de impostos e taxas; 37% acessaram algum serviço relacionado a direitos do trabalhador ou previdência social.
- Para o público com ocupação informal, esses dados variam entre 26% e 20%, respectivamente. Esta foi a primeira vez que a pesquisa coletou informações sobre o tipo de ocupação dos indivíduos.
Aumento do consumo no comércio eletrônico
A prática de comprar produtos e serviços online aumentou significativamente, impulsionada pela pandemia, e permanece em um patamar mais elevado do que no auge da crise sanitária.
Segundo o TIC Domicílios, 73 milhões de usuários de internet (46%) realizaram compras online em 2024, 6 milhões a mais do que em 2022, quando o número era de 67 milhões.
- As compras por PIX, lançado em 2020 pelo Banco Central, superaram o uso do cartão de crédito (67%), sendo o método mais citado, com 84% de preferência entre os entrevistados.
- Este crescimento representa um aumento de 18 pontos percentuais em relação a 2022, quando a adesão ao PIX era de 66%.
- Os maiores aumentos no uso do PIX ocorreram entre as classes B (de 63% para 82%), C (de 68% para 86%) e DE (de 60% para 78%).
- O uso de boleto bancário está diminuindo gradualmente: o índice caiu de 43% em 2022 para 24% em 2024, uma diferença de 19 pontos percentuais.
"Neste ano, a pesquisa destaca o crescimento do PIX como forma de pagamento nas compras realizadas pela internet, impulsionado especialmente pelas classes sociais DE, com menor acesso ao cartão de crédito", enfatiza o gerente do Cetic.br.
- As categorias de roupas, calçados e material esportivo (de 64% em 2022 para 71% em 2024) e cosméticos e produtos de higiene pessoal (de 34% em 2022 para 41% em 2024) registraram o maior crescimento nas compras online em comparação a 2022.
- Os brasileiros também passaram a comprar mais músicas pela internet, passando de 13% dos usuários em 2022 para 19% em 2024.
- O aumento foi mais significativo entre os usuários de 16 a 24 anos, cuja proporção passou de 15% para 32%, e entre os usuários da classe B (de 22% para 41%).
Cresceu também a proporção de usuários que adquiriram produtos ou serviços em sites de compra e venda (marketplaces), subindo de 72% em 2022 para 90% em 2024.
Aplicativos de lojas em celulares ou smartphones foram mencionados por 65% dos usuários que compraram online, enquanto 22% afirmaram ter comprado por meio de redes sociais.
Além disso, 41% disseram ter visto anúncios de produtos ou serviços em publicações de redes sociais, 49% em vídeos online e 49% em propagandas em sites ou aplicativos.
agoranoticiasbrasil.com.br