STF decide que porte de arma branca fora de casa é ilegal
O Supremo Tribunal Federal (STF) emitiu uma decisão que estabelece que o porte de arma branca fora do ambiente doméstico, de forma que possa ocasionar lesões, é classificado como ilegal. A restrição e a punição, estipuladas na Lei de Contravenções Penais (LCP), continuam a se aplicar a essas armas.
A maioria proferiu a decisão durante o julgamento do "Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 901623", que tem repercussão geral (Tema 857). A sessão virtual foi encerrada no dia 4 de outubro.
O porte de armas fora de casa sem a devida licença da autoridade competente é tipificado como contravenção penal pelo artigo 19 da LCP (Decreto Lei 3.688/1941). Em comparação com os crimes, as contravenções são vistas como infrações menos graves, resultando em penas mais leves.
A situação em discussão se refere à sentença de um indivíduo a 15 dias-multa por tal infração. Segundo o processo, ele tinha o hábito de se posicionar em frente a uma padaria, segurando uma "faca de cozinha", solicitando dinheiro a clientes e trabalhadores, e mostrava-se hostil quando suas solicitações eram ignoradas.
A condenação foi objeto de recurso pela Defensoria Pública de São Paulo (DPE-SP), contudo, a Turma Criminal do Colégio Recursal de Marília (SP) manteve a decisão. A Defensoria levou o caso ao STF, argumentando que a ação só poderia ser enquadrada como crime se a LCP tivesse regulamentação específica para armas brancas.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, foi o responsável por prevalecer no julgamento, afirmando que a previsão continua em vigor. Segundo ele, a autorização da autoridade competente é exigida apenas para o porte de armas de fogo, atualmente reguladas pelo Estatuto do Desarmamento, não havendo necessidade para armas brancas.
Moraes ressaltou que, em cada situação concreta, o juiz deve avaliar a intenção da pessoa ao portar o objeto e seu potencial lesivo. No caso em análise, as instâncias anteriores consideraram a conduta criminosa, levando em conta os fatos e o risco à integridade física dos frequentadores da padaria, dada a natureza da faca utilizada.
Os ministros Edson Fachin (relator), Gilmar Mendes e Nunes Marques votaram pela absolvição do condenado, argumentando que a falta de regulamentação justificava essa decisão. Eles também defenderam a retirada da repercussão geral da matéria, citando uma norma em tramitação no Executivo federal. O ministro Cristiano Zanin, por sua vez, ficou vencido apenas em relação à redação da tese.
A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte: "O art. 19 da Lei de Contravenções penais permanece válido e é aplicável ao porte de arma branca, cuja potencialidade lesiva deve ser aferida com base nas circunstâncias do caso concreto, tendo em conta, inclusive, o elemento subjetivo do agente".
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