O Congresso da Espanha vai reconhecer Edmundo González Urrutia
como presidente legítimo da Venezuela previsivelmente nesta quarta-feira (11),
com a aprovação de uma proposta do Partido Popular (de centro-direita e o maior
da oposição) apoiada por aliados do governo do país europeu, comandado pelo
Partido Socialista.
A crise na Venezuela foi debatida no Congresso espanhol na
terça-feira (10) como se fosse uma questão de política interna e acirrou o
confronto entre a esquerda e a direita e as diferenças dentro da base de apoio
ao presidente do Governo, o socialista Pedro Sánchez.
A deputada Cayetana Álvarez de Toledo, do PP, foi quem apresentou
o projeto, e contou com a presença, na galeria de convidados, dos líderes
opositores venezuelanos Leopoldo López e Antonio Ledezma, além de Carolina
González, filha de Edmundo González Urrutia.
Citando relatórios da ONU, a parlamentar denunciou o "roubo
eleitoral armado" e a repressão na forma de prisões arbitrárias e tortura no
país sul-americano sob o governo do presidente Nicolás Maduro.
Pela bancada socialista, a deputada Cristina Narbona considerou
que é necessário "buscar soluções reais" e "não gerar falsas expectativas" e
pediu que os venezuelanos não se deixem enganar, pois o reconhecimento de
González Urrutia como presidente não é "uma espécie de varinha mágica que fará
Maduro desaparecer por encanto".
Narbona destacou que nenhum governo da União Europeia, nem mesmo
os de cunho conservador, levantou até agora "a oportunidade e a conveniência"
de reconhecer González Urrutia como presidente, um argumento que não convenceu
o PP, que destacou que a Espanha quebrou o consenso europeu ao reconhecer a
Palestina como um Estado.
A iniciativa apresentada por Álvarez de Toledo recebeu o apoio do
Partido Nacionalista Basco, aliado do governo socialista espanhol.
Enquanto o debate ocorria no Congresso, em Madri, centenas de
opositores venezuelanos se reuniram do lado de fora para exigir o
reconhecimento da vitória de González Urrutia que, em uma mensagem lida por sua
filha, endossou seu compromisso com a luta pela liberdade na Venezuela.
González Urrutia chegou à Espanha no último domingo para pedir
asilo político depois de ser perseguido pela justiça venezuelana após denunciar
fraude nas eleições presidenciais de 28 de julho.
*EFE