O governo dos Estados Unidos rejeitou a vitória do presidente venezuelano Nicolás Maduro e reconheceu o candidato da oposição Edmundo González como o presidente eleito no pleito de 28 de julho. A declaração foi dada na terça-feira (19) pelo secretário de Estado, Antony Blinken, que afirmou que o povo venezuelano escolheu González.
"O povo venezuelano falou de forma contundente em 28 de julho e fez Edmundo González o presidente eleito. A democracia exige respeito pela vontade dos eleitores", disse Blinken. Ele recebeu os agradecimentos de González, que afirmou que o "gesto homenageia o desejo de mudança do povo venezuelano" e a "façanha cívica" da eleição.
O governo de Maduro, por sua vez, criticou o anúncio, dizendo que tratava-se de uma decisão "ridícula" e da "repetição de um erro de 2019" – quando o país reconheceu Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Na época, Guaidó planejava a remoção de Maduro do governo, após descrever a posse do líder como "ilegítima".
"Nos últimos dias do seu governo, ele [Blinken] deveria dedicar-se a refletir sobre os seus fracassos, livrar-se dos complexos imperiais e coloniais e ir escrever as memórias de como a Revolução Bolivariana o fez morder o pó da derrota, assim como aos seus antecessores", disse o ministro dos Negócios da Venezuela, Yván Gil Pinto.
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Crise política na Venezuela
A crise política na Venezuela aumentou devido às eleições deste ano. Isso porque, na contagem do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Maduro apareceu 52,21% dos votos, ante 44,2% de González, principal concorrente. A oposição contestou os números e alegou fraude na apuração, afirmando ter provas da vitória de González no pleito.
A apuração também foi questionada por governos internacionais, incluindo Panamá, Reino Unido, Chile, Argentina, Uruguai, Brasil e Colômbia, que pediram a divulgação das atas eleitorais. Como a solicitação foi negada pelo Tribunal de Justiça da Venezuela, alguns países rechaçaram o reconhecimento da reeleição de Mauro.
Em meio à repercussão, os moradores saíram às ruas em protesto. Os atos se estenderam por todas as regiões do país, provocando confrontos com policiais e a deterioração do patrimônio público, como as estátuas relacionadas ao regime chavista. Maduro prometeu penas de até 30 anos de prisão, dizendo que "não haveria perdão".
Além dos manifestantes, o presidente pediu a prisão de González e de Maria Corina Machado, líder da oposição, culpando ambos pela violência nos protestos. O caso foi levado à Justiça, onde González foi acusado de usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais e incitação de atividades ilegais.
O opositor chegou a ser intimado para prestar depoimento, mas não compareceu nas três vezes que foi chamado. Com isso, a Justiça emitiu um mandato de prisão contra ele.
Temendo a própria segurança, González, então, pediu o exílio como parte de um acordo negociado com o governo de Maduro. Ele embarcou para a Espanha em 7 de setembro, em um avião da Força Aérea Espanhola. De lá, o opositor afirmou que continuaria lutando pela recuperação da democracia e pela liberdade dos venezuelanos.
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