Teresa de Ávila é guardada a 10 chaves em um túmulo da Espanha — três estão com as Carmelitas Descalças, três com o padre geral das Carmelitas em Roma, três com o Duque de Alba, e uma com o rei. O esquema de segurança existe desde o século 17.
Cada conjunto de chaves abre uma parte do túmulo: a grade, o cofre de mármore e o cofre de prata. Todo o processo de abertura foi feito no fim de agosto e precisou de uma autorização do Papa Francisco.
O procedimento contou com a participação de cientistas e médicos italianos. O objetivo é fazer uma análise das relíquias da santa, sendo elas o corpo, o coração, um braço e uma mão da santa.
As relíquias têm grande importância para a Igreja Católica, pois representam a presença física e espiritual de um santo na Terra. Segundo a crença, elas estabelecem uma conexão com o mundo divino e são objetos de veneração por parte dos fiéis.
Segundo a Diocese de Ávila, em um primeiro momento, foi possível observar que o corpo da santa continua conservado da mesma forma desde a última exumação, em 1914. Para isso, os pesquisadores compararam fotos tiradas há 110 anos do rosto e dos pés da santa.
"Não há cor, porque a pele está mumificada, mas é visível, especialmente na metade do rosto. É possível ver bem. Os médicos especialistas conseguem ver quase claramente o rosto de Teresa", disse o padre Marco Chiesa, postulador geral da Ordem dos Carmelitas Descalços.
Os pesquisadores tiraram novas fotos e fizeram radiografias da santa. Todo o material coletado no local foi encaminhado para um laboratório na Itália. Nas próximas semanas, um relatório com conclusões científicas sobre a conservação da santa deve ser divulgado.
"Sabemos, por estudos semelhantes, que poderemos conhecer dados de grande interesse sobre Teresa e também recomendações para a conservação das relíquias", disse o padre Chiesa.
A santa
Santa Teresa de Jesus nasceu em Ávila, na Espanha, em 1515. Ela foi enviada para um internato durante a adolescência, onde resolveu seguir a vida religiosa.
Aos 20 anos, decidiu ir para o Convento da Encarnação. Para isso acontecer, precisou fugir de casa, já que o pai dela não aprovava ideia.
Ainda jovem, a santa sofreu de uma doença grave. Ela chegou a ser mandada para uma curandeira famosa, mas o tratamento piorou suas condições de saúde.
Teresa chegou a ser dada como morta. A santa conta, no entanto, que conseguiu se recuperar por intercessão de São José.
Ao longo da carreira religiosa, Teresa fez uma série de reformas e fundou conventos na Espanha. O trabalho dela foi essencial em uma época de transformações dentro da Igreja Católica, contribuindo para a revitalização da ordem carmelita e influenciando diretamente as reformas do período.
Ela também escreveu diversas obras, sendo o "Livro da Vida" uma das mais famosas. Na publicação, ela relata as visões e tentações que teve.
O trabalho e a espiritualidade fizeram com que ela fosse canonizada pelo Papa Gregório XV, em 1622. Já na década de 1970 ela foi nomeada a primeira mulher "Doutora da Igreja" pelo Papa Paulo VI.
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