Em editorial publicado nesta quarta-feira (29), o jornal O Estado de São
Paulo afirmou que o governo Lula (PT) recuou para os anos 80 ao controlar
artificialmente o preço do arroz, importando o produto, subsidiando e vendendo
com sua logomarca diretamente nos supermercados.
No texto intitulado Vem aí a Arrozbrás, o periódico defende que as
enchentes no Rio Grande do Sul não geraram falta de arroz e que a gestão
federal usou a tragédia como pretexto para intervir nos preços dos alimentos,
intenção já manifestada desde meados do ano passado.
– Essa incrível volta ao passado é mais uma realização do presidente
Lula da Silva. O petista disse que ficou "nervoso" e "um pouco irritado" com o
avanço dos preços do arroz nos supermercados e resolveu agir intempestivamente
para evitar que as cheias no Rio Grande do Sul esvaziassem as prateleiras dos
mercados – disse o jornal.
Na sequência, o Estadão explica que os temores que a catástrofe
climática no RS – estado responsável por 70% do abastecimento de arroz no país
– afetasse a safra e elevasse os preços não se materializaram. Isso porque
quase toda a safra gaúcha já havia sido colhida antes das enchentes e porque,
como apontou a própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita
deste ano superaria a do ano passado em mais de 600 mil toneladas.
– Mas o governo federal, movido por voluntarismo e interesses
eleitoreiros, não poderia permanecer inerte. Nas últimas semanas, editou várias
medidas provisórias para fazer da crise uma oportunidade política. (
) Com essa
decisão tresloucada, o Executivo conseguiu o oposto do que queria. De imediato,
os preços do arroz dispararam 30% por culpa do próprio governo, que elevou
artificialmente a demanda do produto ao anunciar que faria leilões públicos
para comprar o equivalente a 10% do consumo anual brasileiro – assinalou o
Estadão.
O veículo de imprensa ainda pontuou que entidades do setor de arroz
chegaram a pedir ao Ministério da Agricultura que reconsiderasse a decisão,
argumentando que a medida poderia prejudicar os próprios produtores gaúchos.
– Zerar a alíquota de importação e anunciar leilões públicos sem cota já
seria suficiente para desestimular plantios futuros, mas tabelar o arroz em R$
4 por quilo, valor inferior ao preço médio do produto, vai derrubar a
rentabilidade dos produtores gaúchos, sobretudo os pequenos e médios. Entre as
várias medidas que o Executivo poderia adotar para ajudar a economia gaúcha a
se recuperar, o governo parece ter escolhido as piores – acrescentou.
O jornal finalizou sua análise pontuando que não há falta de arroz no
mercado, mas sim falta de pudor no governo federal.
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