Um reencontro entre uma tutora idosa e um cão pastor alemão emocionou
voluntários de um abrigo que acolhe, na Scharlau, em São Leopoldo, animais
resgatados de locais afetados pela enchente histórica na região.
Foi por causa da cheia do Rio dos Sinos que Ana Emilia Hollas, de 81
anos, acabou perdendo seus dois cachorros: Al Pacino, 5, e Índia, 3, ambos da
mesma raça. Ela é moradora do mesmo bairro do abrigo em que um dos cães foi
encontrado. No entanto, o trecho onde a idosa reside foi tomado pela água.
Apesar da dificuldade de locomoção, por conta de um Acidente Vascular
Cerebral (AVC) sofrido em 2016, e também problemas na visão, ela escolheu morar
sozinha com seus cachorros de estimação. O sobrinho dela, Cícero Antonio
Berlitz, 45, relata que a idosa não acreditava que a enchente poderia chegar na
casa. Só aceitou quando, na noite da sexta-feira (3), a água já tomava o
bairro. "Foi relutante, não acreditava", relata ele.
Berlitz ainda conta que os barcos que estavam no local priorizavam
socorrer as pessoas naquele momento, ainda mais que os dois animais são de
grande porte. Ana foi levada para a casa de familiares em Portão. Segundo o
sobrinho, eles voltaram ao endereço da casa da idosa no dia seguinte. Contudo,
o local já estava inundado. "Foram de barco, mas não os encontraram [os cães].
Mas ficamos na esperança de que alguém os resgatou", diz o sobrinho.
Desde então, a família começou a procurar os cachorros pelas redes
sociais e abrigos na região. Publicaram fotos e pediram ajuda para
localizá-los. Foi então que eles entraram em contato com o abrigo da Scharlau.
"Falaram que só entregariam se tivessem certeza, se tivesse foto ou alguma
coisa", lembra.
Reecontro emocionante
Bruna Kirsh, 38, é proprietária do local onde os cachorros resgatados estão
abrigados. Ela conta que, no domingo (4), uma pessoa chegou com um pastor
alemão. "Eu já não ia mais resgatar animais, aí chegou uma moça [dizendo] "meu
Deus, eu resgatei um pastor alemão", eu disse "gente, eu não posso", então
olhei ele e botei [no abrigo]". De acordo com a jornalista e advogada, o
cachorro chorava bastante. "Era óbvio que ele tinha dono", completa.
Ela conta que, na quarta-feira (8), recebeu uma mensagem de Berlitz
questionando se o cachorro poderia estar no abrigo. "Ele mandou uma foto e
falou para chamar pelo nome de Al Pacino. O cachorro atendeu", conta
emocionada.
O sobrinho de Ana revela que a tia, quando soube que um dos companheiros
foi localizado, também se emocionou e, apesar das dificuldades de saúde, fez
questão de ir junto buscar o cão.
O reencontro entre a tutora
e Al Pacino foi gravado. Nas imagens, é possível ver a idosa entrando com muita
dificuldade no local, acompanhada do sobrinho. O cão está deitado e quando percebe
a presença da cuidadora, levanta rápido, demonstrando alegria. "Foi tão
emocionante, estou muito feliz", diz Bruna.
"Quem perdeu seu animal, tenha fé. Existem pessoas de coração bom como a
Bruna e a equipe dela. As pessoas que estão de barco também estão se doando
muito", agradece o sobrinho de Ana.
Al Pacino foi levado para a casa de uma amiga da família, enquanto
aguarda poder retornar para onde morava com a tutora. Mas isso só acontecerá
quando a água da enchente do Rio dos Sinos baixar. "Ele está sendo medicado
porque pegou infecção em contato com a água. Mas está a coisa mais linda. Firme
e forte", destaca Berlitz.
Agora, a família busca pela cachorra Índia, que também se perdeu e ainda
não foi localizada.
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