O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira (8/5), o corte de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros do país, a Selic. Com a decisão, ela foi fixada em 10,50% ao ano – estava em 10,75% desde 20 de março.
A medida confirmou a redução do ritmo de queda dos juros no Brasil. Ela era esperada pelo mercado, embora não houvesse consenso em torno do número. A Selic permaneceu em 13,75% por um ano, entre 3 de agosto de 2022 e 2 de agosto de 2023. A partir daí – e ao longo de nove meses –, ela foi alvo de seis cortes seguidos de 0,5 ponto percentual. Agora, baixou 0,25.
Na ata da última reunião do Copom, divulgada em 26 de março, o órgão afirmou que previa a realização de mais um corte de 0,5 ponto percentual na reunião desta quarta. Isso se mantido o cenário econômico esperado na ocasião. Tal expectativa, porém, não se confirmou. Ela foi substituída por um aumento das incertezas, tanto no quadro externo como no interno.
Ambiente externo
Ao longo de abril, por exemplo, foram postergadas as previsões de cortes dos juros nos Estados Unidos, hoje fixados no intervalo entre 5,25% e 5,50%. No fim do ano passado, os analistas acreditavam que eles poderiam começar a cair em março. Agora, essa possibilidade foi empurrada para setembro e, segundo algumas previsões, para dezembro.
O acirramento do conflito no Oriente Médio, com o ataque do Irã a Israel, em 13 de abril, também ajudou a deteriorar o balanço de riscos, embora não tenha provocado uma variação expressiva do preço do petróleo no mercado internacional. Ainda assim, o dólar sofreu forte pressão e chegou a ser cotado a R$ 5,30. Agora, caiu para R$ 5,05.
Quadro interno
No Brasil, a principal contribuição para encorpar as incertezas foi dada pela alteração da meta fiscal de 2025 e 2026, anunciada pelo governo federal em 15 de abril. Para alguns economistas, turbulências paralelas, como a interferência política na Petrobras, também ajudaram a piorar o cenário interno.
Meta da inflação
Com o corte de 0,25, a atual Selic de 10,50% permanece no menor patamar desde 2 de fevereiro de 2022, quando estava em 10,75%. A taxa básica de juros é o principal instrumento de política monetária do Banco Central, que tem como missão manter a inflação dentro da meta, definida em 3% ao ano para 2024 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Quando o BC aumenta os juros, o crédito fica mais caro e a atividade econômica tende a desaquecer – o que leva à redução dos preços. Se a Selic cai, dá-se, em geral, o efeito contrário. Ou seja, há aumento do consumo e cresce o risco de recrudescimento da inflação.
Reuniões do Copom
O Copom é formado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e pelo corpo de diretores do órgão. O colegiado reúne-se a cada 45 dias em duas sessões. Na primeira, são realizadas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia, notadamente sobre o comportamento da inflação, das contas públicas e do cenário externo. Na segunda, é definido o valor da taxa Selic. Em 2024, o órgão do BC realizará mais cinco reuniões. A próxima está agendada para os dias 18 e 19 de junho.
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