A defesa de Flávio Silvestre de Alencar, major da Polícia Militar do Distrito
Federal (PMDF) atualmente preso e investigado pelo 8 de Janeiro, pediu
revogação da prisão alegando "fatos novos".
Segundo os advogados, há elementos que surgiram após a última decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) que manteve a prisão preventiva, como o "intenso
sofrimento psicológico de seu filho", uma criança de 4 anos.
No entanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou pela
manutenção da prisão preventiva do major Flávio, nessa terça-feira (23/4).
O procurador-geral Paulo Gonet avaliou que, "ainda que devidamente
comprovado por meio de relatório psicológico", o sofrimento do filho do
denunciado "não possui a capacidade de dirimir o risco que a liberdade de
Flávio Silvestre representaria para o prosseguimento da investigação".
A defesa também alegava que o major "adotou uma atuação padrão para
garantir a segurança do local" no 8 de Janeiro e só chegou à Câmara dos
Deputados quando o local já havia sido invadido — com efetivo de doze policiais
sem munição adequada e com o objetivo de resgatar o comandante-geral, que
estava ferido.
Mas, para a PGR, como Flávio é major da ativa, haveria risco ao
prosseguimento da investigação com uma possível liberdade. "Os pontos trazidos na
renovada manifestação da defesa, portanto, não afastam os elementos que
fundamentaram tanto a decretação da prisão preventiva de Flávio Silvestre de
Alencar quanto a manutenção da medida, em cinco oportunidades distintas",
sintetizou a PGR.
Sobre o possível "resgate" do comandante-geral no meio da violência dos
extremistas, a Procuradoria diz que a afirmativa "não é sustentada pelo
material probatório produzido nos autos". "Como indicado na denúncia, "o
ferimento que Fábio [Augusto Vieira] apresentava na cabeça era superficial, não
lhe causando qualquer forma de incapacitação ou perigo"."
Preso duas vezes
Flávio Silvestre de Alencar, major da PMDF, chegou a ser preso duas vezes pela
Polícia Federal (PF) no âmbito das investigações sobre supostas omissões em 8
de janeiro de 2023.
A primeira prisão ocorreu em 7 de fevereiro, após imagens mostrarem
Flávio descer de um carro da PMDF e ordenar a retirada do Batalhão de Choque da
lateral do Congresso Nacional. A decisão permitiu o acesso dos extremistas que
participavam dos atos antidemocráticos ao prédio do Supremo Tribunal Federal
(STF).
Ele foi preso novamente em 23 de maio, na 12ª fase da Operação Lesa
Pátria. Mensagens encontradas em investigações da PF mostraram Flávio enviando,
em um grupo de PMs, a afirmação: "Na primeira manifestação, é só deixar invadir
o Congresso", durante os atos antidemocráticos contra o resultado das eleições
de 2022, em Brasília.
A defesa dele alega que a mensagem foi um comentário jocoso sobre tema
distinto, que era o Fundo Constitucional do Distrito Federal, e isso poderia
ser "comprovado pela utilização da onomatopeia "kkkkkk"". Na Comissão
Parlamentar de Inquérito do DF, o major também explicou.
"O cerne era o Fundo Constitucional, que todos sabemos ser
importantíssimo para o DF. Não só para a Segurança, mas para a Saúde e a
Educação. O intuito daquela brincadeira era: "Poxa, sem o Fundo Constitucional,
a polícia vai ser sucateada e vai acabar sendo invadido o Congresso". [Foi] uma
brincadeira infeliz. É um grande mal-entendido. Esse comentário nunca refletiu
minhas ações na PM."
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/