De ativista que lutava contra o desmatamento da Amazônia a um dos maiores
cybercriminosos do país, o hacker Marcos Roberto Correia da Silva, 24 anos,
mais conhecido como VandaTheGod, é alvo, ao mesmo tempo, de investigações da
Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O "cracker"
teve o mandado de prisão cumprido pela PF enquanto a PCDF apreendeu celulares e
computadores do pirata cibernético.
A prisão ocorreu na última terça-feira (9/4), na cidade de Feira de
Santana, na Bahia. No entanto, quem é o hacker que mobilizou, de forma
simultânea, as duas corporações? VandaTheGod ficou nacionalmente conhecido após
protagonizar o maior vazamento de dados do Brasil, com a divulgação de
informações pessoais de 223 milhões de brasileiros cadastrados no Departamento
de Informação e InformĂĄtica do Sistema Único de Saúde (DataSUS).
Audacioso e com alto conhecimento em técnicas de invasão, o hacker
passou a ser respeitado após burlar sites de autoridades e instituições.
Senado, Exército Brasileiro, Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Polícia Civil
de Minas Gerais, Ministério Público de Minas Gerais e o Tribunal de Justiça de
GoiĂĄs foram alvo do criminoso virtual.
Desconfigurador
No universo do cybercrime, o hacker começou a ganhar fama ainda na
adolescĂȘncia. Ele se especializou no chamado defacement, ou simplesmente
deface, como é popularmente conhecido o ato de desfigurar a aparĂȘncia de um
website, geralmente com o objetivo de transmitir mensagem de protesto.
As primeiras assinaturas criminosas de VandaTheGod foram deixadas em
2013. Naquela época, o hacker começou a "carreira" de forma tímida,
desfigurando sites de pequenas empresas, como um lava-jato de São Bernardo do
Campo (SP), e de algumas entidades governamentais do Equador, da Argentina e
das Filipinas.
Os sites foram modificados simplesmente para exibir a mensagem "Deface
By @VandatheGod or @CosmoTheGod", fazendo propaganda de sua equipe de
criminosos, o grupo UGNazi. Nos seis anos seguintes, Vanda atacaria diversos
outros sites governamentais — na maioria das vezes, com o objetivo de
disseminar mensagens de protesto político ou para demonstrar sua aparente
associação com o nazismo.
Operações
Antes de ser preso em casa, em 2021, durante a Operação Deepwater da PF, o
hacker havia deixado um rastro enorme de crimes virtuais. Ele jĂĄ havia invadido
portais de diversas prefeituras, como as de Goiânia (GO), Criciúma (SC) e Porto
Velho (RO).
O cybercriminoso também invadiu o Instituto Federal de Educação, CiĂȘncia
e Tecnologia da Bahia (IFBA), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Internacionalmente, Vanda mirou uma série de sites locais de estados dos EUA e
até mesmo alguns domínios gerenciados pela União Europeia.
Quando foi detido em abril deste ano, ele cumpria prisão domiciliar, mas
em 2023 rompeu a tornozeleira eletrônica e fugiu, sendo preso novamente na
semana passada. O hacker estĂĄ encarcerado preventivamente e ficarĂĄ à disposição
da Justiça no Centro de Observação Penal, em Salvador.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/