O ministro israelense das Relações Exteriores, Eli Cohen, anunciou neste sábado (28) a retirada dos representantes diplomáticos de seu país de Ancara, capital da Turquia. A decisão foi tomada em resposta a um discurso inflamado do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que comparou os bombardeios israelenses em Gaza com o Holocausto.
"Tendo em conta as graves declarações vindas da Turquia, ordenei o regresso dos representantes diplomáticos para realizar uma reavaliação das relações entre Israel e a Turquia", escreveu Cohen na rede social Twitter.
Poucas horas antes, Erdogan havia comparado num discurso a uma enorme multidão reunida em Istambul os bombardeios israelitas sobre Gaza com o Holocausto judeu e as bombas atômicas da Segunda Guerra Mundial, atribuindo tudo à mentalidade do "Ocidente".
"O que eles sabem fazer bem é matar. Aniquilaram os judeus nas câmaras de gás, apagaram do mapa cidades com seus habitantes dentro com bombas atômicas. Vemos hoje a mesma mentalidade em Gaza", disse o presidente turco na manifestação.
Na terça-feira passada, Erdogan havia declarado que o Hamas, a organização islâmica que domina Gaza e que há três semanas lançou um ataque contra Israel, matando mais de 1.400 pessoas, a grande maioria delas civis, "não é uma organização terrorista, mas um grupo de combatentes pela liberdade".
Hoje, ele também reclamou que a oposição turca considera o Hamas "tão terrorista quanto (o primeiro-ministro israelense Benjamin) Netanyahu", na sua opinião uma posição "infeliz".
Faz apenas um ano que Israel e a Turquia trocaram embaixadores, após cinco anos de tensões, iniciando assim uma reconciliação que culminou com a visita do presidente israelense Isaac Herzog a Ancara em março passado.
Mas Erdogan anunciou na terça-feira passada que tinha descartado este plano e nos últimos dias elevou o tom das suas críticas a Israel.
Segundo a imprensa hebraica, os representantes diplomáticos israelitas na Turquia já regressaram ao seu país na quinta-feira passada por razões de segurança, mas foi então uma "medida temporária", enquanto a mensagem de Cohen traz uma mensagem diplomática de ruptura.
Gazeta Brasil