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Hamas:

Hamas: o que é o grupo palestino que atacou Israel

Surgimento do grupo ocorreu após uma revolta popular, em 8 de dezembro de 1987, chamada de "Primeira Intifada" ou "Guerra das Pedras"


Felipe de Souza colaboração para a CNN em São Paulo

Com tradução do árabe para "entusiasmo" ou "fervor", o grupo palestino Hamas atacou Israel neste sábado (7), deixando dezenas de mortos e feridos. Com 36 anos de existência, o grupo, considerado terrorista por países como Estados Unidos e pela União Europeia, luta pela Palestina, e afirma que o local é uma terra islâmica.

O surgimento do grupo ocorreu após uma revolta popular, em 8 de dezembro de 1987, chamada de "Primeira Intifada" ou "Guerra das Pedras". Intifada, em árabe, significa tremer de medo ou de doença, e também significa um despertar abrupto de um sonho ou inconsciência. Moradores começaram a atirar paus e pedras nas tropas israelenses no campo de refugiados de Jabaliyah, no extremo norte da Faixa de Gaza.

O conflito se encerrou em 1993, após a assinatura de um cessar-fogo em Madri (Espanha) e Oslo (Noruega), onde foi criada também a Autoridade Nacional Palestina (ANP). Apesar da criação da ANP, os demais acordos firmados nos dois países nunca aconteceram de fato. O grupo mesmo declara o acordo como "infame".

O Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) se define como um movimento de resistência baseado no Corão. O principal ponto é a instauração de um Estado palestino em toda a área de Israel, que o grupo inclusive não reconhece.

Foi criado pelo Sheikh Ahmed Yassin, Abdel Aziz al-Rantissi e Mohammad Taha, vindos da Irmandade Muçulmana — grupo criado em 1928 que rejeita qualquer traço da cultura ocidental e prega os ensinamentos do Corão.

A Carta de Princípios do Hamas, publicada em 1988, afirma que a terra da Palestina "é uma terra islâmica". As primeiras ações foram vistas como atos humanitários, como a construção de escolas, hospitais e outras ações de assistência social não só na Faixa de Gaza, como na Cisjordânia. Foi aí que o grupo ganhou força.

Em 1989, Ahmed Yassin foi preso pelo governo israelense. O que era considerado o fim do grupo, na verdade, acabou deixando o Hamas mais forte. Solto em uma troca de prisioneiros, Yassin, que andava de cadeira de rodas e era cego de um olho por causa de um acidente esportivo na juventude, foi morto pela Força Aérea Israelense em 2004.

Veja também – Vídeo mostra prédios sendo atingidos por mísseis na Faixa de Gaza

Força política

Como partido político, o Hamas liderou dois governos sucessivos da Autoridade Palestina. Em 25 de janeiro de 2006, o partido venceu as eleições para o parlamento Palestino, derrotando o Fatah, outro grupo que também defende a "libertação" da Palestina.

Depois da Batalha de Gaza, em 2007, que envolveu militantes do Hamas e do Fatah, os representantes eleitos do Hamas foram expulsos das posições no governo da Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia e substituídos por membros do rival Fatah.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, do Fatah, criou um gabinete de emergência, que substituiu a coalizão Hamas-Fatah, que ele extinguiu depois que o Hamas tomou o controle de Gaza à força.

Assim, os palestinos passaram a ter dois governos – a liderança do Hamas na Faixa de Gaza e o gabinete montado por Abbas na Cisjordânia, liderado pelo economista Salam Fayyad.

Em 18 de junho de 2007, Abbas decretou a ilegalidade da milícia do Hamas. Representantes do grupo, então, declararam que o governo de emergência não era amparado pela lei palestina e que o Hamas continuaria funcionando como líder do governo.

Em maio de 2011, o Hamas e Fatah firmaram acordo de reconciliação depois de quatro anos de cisão.

Nesse meio tempo, em dezembro de 2008, o Hamas teve a rede de assistência social e educacional, usadas como base de lançamento de mísseis na Faixa de Gaza destruída por Israel, durante a Operação Chumbo Fundido.

"Mudança de foco"

Visto como antissemita e contra qualquer tipo de paz com Israel, o Hamas mudou um pouco a própria carta de princípios em 2017, em que passava a considerar os "sionistas" (como eles chamavam o governo de Israel) como os inimigos, não mais os judeus de forma geral. Apesar disso, o Hamas é uma das organizações que nega o Holocausto.

Foi neste ano também que o grupo aceitou a criação do Estado palestino provisório em Gaza, nas Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, apesar de ainda não reconhecer Israel de fato.

Tanto que Israel afirmou que a mudança de "alvo" era apenas "uma mentira para enganar o mundo".

O Hamas é considerado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia, Japão, Israel e Canadá. A Austrália e o Reino Unido consideram apenas o braço militar da organização — as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam — como terroristas.

África do Sul, Rússia, Noruega e o Brasil não consideram o grupo como organização terrorista.

Mais sobre o conflito histórico na região

Veja ainda – Ex-primeiro ministro de Israel fala à CNN sobre ataque do Hamas



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