O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pretende repetir com a reforma administrativa estratégia semelhante à que usou para aprovar a reforma tributária no plenário da Casa, em julho de 2023.
Diante da resistência do governo Lula à proposta, a principal tática será o que aliados de Lira chamam de "desbolsonorização" da reforma administrativa. Ou seja, tirar as digitais do governo Jair Bolsonaro da PEC.
Nas próximas semanas, o presidente da Câmara pretende iniciar uma força-tarefa para convencer o governo a apoiar a reforma. Para isso, ele se mostrará disposto até mesmo a apresentar nova versão da proposta.
Na avaliação do grupo de Lira, um novo texto afastaria o governo Bolsonaro do tema e permitiria ao presidente da Câmara vender a reforma como uma proposta de iniciativa do Congresso, assim como ele fez com a reforma tributária.
Lira, no entanto, não precisaria iniciar a tramitação do novo texto do zero. A ideia seria apensá-lo à PEC da reforma administrativa que já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e por uma comissão especial.
Em busca de apoio, Lira deve escalar parlamentares aliados para ajudá-lo no diálogo com o governo. Entre eles, está o deputado Fernando Monteiro (PP-PE), que presidiu a comissão especial da reforma administrativa.
Uma das primeiras conversas deve ser com a ministra da Gestão e da Inovação, Esther Dweck. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), contrário ao texto, também deve ser procurado.
À coluna Monteiro disse acreditar que a PEC pode ser aprovada com "diálogo". "Acho que é possível aprovar através do diálogo. Compreendendo as divergências, mas buscando a convergência", afirmou o deputado.
Após aprovar a reforma tributária antes do recesso, Lira deixou claro que quer a reforma administrativa como prioridade na Câmara neste segundo semestre.
Fonte: Metropoles - Igor Gadelha