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Zika

Criança com microcefalia causada por Zika tem mais risco de internação

Sindicatos patronais e de trabalhadores criticaram, na noite desta quarta-feira (29), a elevação da taxa bĂĄsica de juros (Selic) para 13,25% ao ano.


A epidemia do vĂ­rus Zika, que atingiu o Brasil em 2015 e teve como uma das principais consequĂȘncias o nascimento de bebĂȘs com microcefalia – redução do tamanho da cabeça –, fez com que esses bebĂȘs tenham riscos maiores de internações hospitalares. Uma vez internados, esses pacientes precisam de mais tempo para obter alta médica.

A constatação faz parte de um estudo produzido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para SaĂșde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A pesquisa foi publicada na revista cientĂ­fica International Journal of Infectious Disease, editada pela Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas, uma organização sem fins lucrativos sediada em Boston, nos Estados Unidos.

A conclusão principal do levantamento é que as crianças vĂ­timas do Zika apresentaram taxas de hospitalização entre trĂȘs e sete vezes maiores que as de crianças sem a sĂ­ndrome. Além de precisarem ir mais a hospitais, os pacientes com microcefalia ficam internados "por perĂ­odos extensivamente mais longos".

Os pesquisadores brasileiros coletaram informações de 2 mil casos de crianças com sĂ­ndrome congĂȘnita do zika (SCZ), a doença que compromete o tamanho da cabeça e a formação dos neurônios (células do sistema nervoso). Os dados foram comparados com os de 2,6 milhões de crianças sem a sĂ­ndrome.

Foram analisados Ă­ndices de admissões em hospitais, os principais motivos e tempo de internação durante os primeiros quatro anos de vida das crianças.

Outra conclusão é que, enquanto as crianças sem a sĂ­ndrome diminuĂ­ram as taxas de hospitalização de forma progressiva ao longo do tempo, as que possuem SCZ mantiveram altas taxas durante todo o perĂ­odo avaliado.

Doenças combinadas

De acordo com o médico lĂ­der do estudo, João Guilherme Tedde, as crianças com microcefalia correm risco de doenças combinadas. "Além das condições tĂ­picas da idade, como infecções e doenças respiratórias, essas crianças apresentam complicações diretamente relacionadas à SCZ." Isso leva à conclusão, segundo a Fiocruz, de que cada condição pode atuar como um fator de risco para a outra, em uma espécie de cĂ­rculo vicioso.

O trabalho é um dos primeiros a avaliar os riscos de hospitalização em pacientes com SCZ ao longo da primeira infância.

No artigo, os pesquisadores contextualizam que a minoria das crianças que nasceram com a sĂ­ndrome sobreviveu ao primeiro ano de vida. O estudo estima que o Brasil teve cerca de 20 mil casos suspeitos da doença.

Crianças com microcefalia podem apresentar atrasos no desenvolvimento, deficiĂȘncia intelectual, problemas motores e de equilĂ­brio, convulsões, dificuldade de se alimentar, perda auditiva e problemas de visão.

O pĂșblico mais atingido pela epidemia de 2015 era formado por famĂ­lias pobres que moravam em ĂĄreas mais quentes e com alta circulação de mosquitos. A principal forma de transmissão do Zika é pela picada do mosquito Aedes aegypti, mesmo hospedeiro do vĂ­rus causador da dengue e da chikungunya.

Ao destacar que a maior parte das vĂ­timas do vĂ­rus Zika é de famĂ­lias de baixa renda, notadamente do Nordeste, dependentes do Sistema Único de SaĂșde (SUS) e de programas de transferĂȘncia de renda condicionada, os pesquisadores apontam a necessidade da elaboração de planos de cuidado estruturados, "com foco no manejo ambulatorial das crianças com SCZ".

A Fiocruz sinaliza que um outro estudo preliminar da mesma equipe revela que crianças com a sĂ­ndrome tĂȘm risco de morte 30 vezes maior para doenças do sistema respiratório, 28 vezes maior para doenças infecciosas e 57 vezes maior para doenças do sistema nervoso.

Prevenção

Os autores sinalizam para a "urgĂȘncia do desenvolvimento de uma vacina que ofereça imunidade duradoura contra o vĂ­rus Zika.

Instituições como a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto Butantan desenvolvem estudos para uma vacina. Este mĂȘs, o Ministério da SaĂșde intensificou ações de combate a arboviroses (doenças virais transmitidas principalmente por artrópodes, como mosquitos), entre elas, a zika.

Também participaram do trabalho cientĂ­fico da Fiocruz especialistas do Instituto de SaĂșde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) e da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM).

AgĂȘncia Brasil

Saúde Zika Microcefalia Fiocruz

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