Servidores do IBGE ficaram insatisfeitos com a publicação de um prefácio assinado pela governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), no periódico "Brasil em Números 2024", divulgado na terça-feira, 28, no Recife.
Em carta aberta, os técnicos Ana Raquel Gomes da Silva, da Gerência de Sistematização de Conteúdos Informacionais (GECOI), e Leonardo Ferreira Martins, da Gerência de Editoração (GEDI), disseram que o prefácio está em "frontal desacordo com as boas práticas institucionais e sem qualquer preocupação com a possibilidade" de que o texto pudesse caracterizar "propaganda política" em um periódico tradicional da Casa, "o que constitui algo absolutamente inédito no IBGE".
Para os servidores, o texto "recebido e aprovado" pela Direção, chefiada por Márcio Pochmann (foto), "enaltece estatísticas do Governo de Pernambuco e discorre sobre ações e programas de sua gestão".
"Conteúdos de tal natureza, característicos de campanhas eleitorais, não se coadunam com a neutralidade técnica que deve nortear a produção editorial do IBGE, sobretudo em uma publicação com abrangência geográfica nacional", conclui a carta.
O prefácio de Raquel Lyra
O Antagonista reproduz abaixo alguns trechos do prefácio assinado pela governadora pernambucana.
"O governo do Estado de Pernambuco vem trabalhando com duas prioridades: mudança e cuidado. Mudar para romper ciclos de pobreza e desigualdade; cuidar para dar assistência a quem ainda sofre com essa realidade.
( ) O governo do Estado de Pernambuco tem resolvido esse déficit com as ações do Programa Morar Bem, a maior política habitacional da história do estado. Uma de suas modalidades, o Reforma no Lar, realiza serviços de engenharia e arquitetura nas residências localizadas em lugares vulneráveis, como os morros e as encostas.
( ) O governo do Estado de Pernambuco tem uma política sólida de integração do ensino médio com a educação técnica e programas voltados à inserção profissional dos jovens, como o Trilhatec e o Programa Universidade para Todos em Pernambuco (ProuPe), além de ações de qualificação profissional e empreendedora (Qualifica Pernambuco e Bora Empreender)."
O "IBGE paralelo" de Pochmann
Os servidores do IBGE estão insatisfeitos com o comportamento autoritário de Pochmann e cobram diálogo sobre as decisões referentes ao instituto.
Em 2024, Pochmann deixou os servidores ainda mais irritados ao criar uma fundação pública de direito privado vinculada ao órgão de pesquisas, a IBGE+, chamada pelos críticos de "IBGE paralelo".
A organização, classificada pelo presidente do IBGE como "instrumento inovador", abre possibilidade para realização de trabalhos para organizações públicas ou privadas.
Em 21 de janeiro de 2025, 134 servidores do instituto assinaram uma carta aberta contra o presidente da instituição, defendendo "confiabilidade" contra Pochmann.
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