A recente exoneração de Brunna Rosa do cargo de chefe da Secretaria de Estratégias e Redes da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) sinaliza um momento delicado nos bastidores do governo. A decisão foi formalizada no Diário Oficial da União na última sexta-feira (17) e reflete as mudanças implementadas por Sidônio Palmeira, o atual ministro da Secom, que assumiu após a saída de Paulo Pimenta. O episódio, que aparenta ser uma reestruturação administrativa, também tem sido interpretado como o primeiro revés significativo para Janja, a primeira-dama, desde a troca de comando na Secom.
Brunna Rosa, conhecida por sua proximidade com Janja, vinha desempenhando um papel estratégico na comunicação digital da Presidência. Fontes ligadas ao Palácio do Planalto revelaram que, diante da iminente saída de Brunna, Janja sugeriu sua transferência para a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), mas a proposta não foi aceita por Sidônio Palmeira. Esse veto reflete a postura do novo ministro em assumir maior controle sobre as decisões da Secom, afastando figuras alinhadas com a gestão anterior.
A exoneração de Brunna não ocorreu de forma isolada. Priscila Calaf, diretora do Departamento de Canais Digitais e outra colaboradora próxima de Janja, também pode estar de saída de seu cargo. Especula-se que ambas devem integrar a equipe do gabinete presidencial sob a supervisão direta da primeira-dama. Essa movimentação reforça a influência de Janja no entorno imediato do presidente Lula, mas também expõe eventuais tensões internas entre as diferentes alas do governo.
A nomeação de Mariah Queiroz como substituta de Brunna Rosa é outro ponto de destaque. Mariah foi apresentada ao presidente Lula por Sidônio Palmeira e Laércio Portela, atual secretário de imprensa, em uma reunião realizada na quinta-feira (16), um dia antes da exoneração ser oficializada. Sua chegada à Secom marca o início de uma nova fase na comunicação do governo, alinhada às prioridades definidas pela equipe de Sidônio.
As mudanças na Secom ocorrem em um momento sensível para o governo, que enfrenta desafios tanto na comunicação institucional quanto na articulação política. A recente sanção da reforma tributária, por exemplo, foi precedida por intensas negociações e exigiu uma estratégia robusta de divulgação para esclarecer à população os impactos das alterações fiscais. Nesse contexto, a substituição de lideranças estratégicas na comunicação pode ter desdobramentos significativos na forma como o governo se posiciona perante a opinião pública.
Apesar das especulações sobre um possível enfraquecimento da influência de Janja dentro do governo, aliados próximos à primeira-dama minimizam o impacto da exoneração de Brunna Rosa. Segundo essas fontes, a mudança reflete apenas ajustes administrativos e não compromete a atuação de Janja na construção da imagem do governo. Ainda assim, o episódio ilustra as disputas internas e os desafios de coordenação entre diferentes setores da administração federal.
Sidônio Palmeira, que assumiu a Secom com a missão de revitalizar a comunicação governamental, tem adotado uma abordagem mais centralizadora desde o início de sua gestão. Sua prioridade tem sido reposicionar a narrativa do governo em temas cruciais, como economia, meio ambiente e programas sociais, enquanto busca consolidar uma equipe alinhada a essa visão. A substituição de figuras estratégicas, como Brunna Rosa, parece ser parte dessa estratégia.
Embora a exoneração de Brunna tenha gerado repercussões internas, ainda não é claro como as mudanças na Secom afetarão a percepção externa do governo. Analistas políticos apontam que ajustes na comunicação são essenciais para enfrentar os desafios de popularidade enfrentados por Lula em seu terceiro mandato. No entanto, a maneira como essas alterações são conduzidas pode impactar a coesão interna da equipe e, consequentemente, a eficácia das ações governamentais.
A saída de Paulo Pimenta da Secom, que abriu caminho para a chegada de Sidônio Palmeira, já havia sinalizado um momento de transição na comunicação do governo. Agora, com a exoneração de Brunna Rosa, essa transição ganha novos contornos, evidenciando a busca por um modelo de gestão mais integrado e eficiente. No entanto, a proximidade de Brunna com Janja e a resistência de Sidônio à sua permanência na Secom mostram que as mudanças não ocorrem sem tensões.
O episódio também levanta questões sobre o papel de Janja na administração federal. Desde o início do governo, a primeira-dama tem sido uma figura ativa na construção da imagem do presidente e na articulação de iniciativas estratégicas. Sua relação com figuras-chave da comunicação, como Brunna Rosa e Priscila Calaf, reforça sua influência nos bastidores. No entanto, episódios como este mostram que essa influência enfrenta limites, especialmente diante de ministros com forte autonomia, como Sidônio Palmeira.
Enquanto o governo avança em sua agenda política e econômica, as mudanças na Secom serão acompanhadas de perto, tanto por aliados quanto por opositores. A comunicação governamental desempenha um papel crucial na consolidação de narrativas e na mobilização de apoio popular, e qualquer sinal de desarticulação pode ser explorado politicamente. Assim, a exoneração de Brunna Rosa pode ser vista não apenas como um ajuste técnico, mas também como um termômetro das dinâmicas internas do governo Lula.
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