O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) renovou suas crĂticas à gestão do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (20), cobrando maior engajamento na reforma agrĂĄria e a presença do chefe do Executivo em assentamentos. Apesar da pressão, o movimento evitou pedir a saĂda do ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento AgrĂĄrio) e reafirmou apoio ao governo, mesmo com as insatisfações.
Durante o balanço anual da direção nacional, o dirigente João Paulo Rodrigues enfatizou a necessidade de Lula se aproximar das bases do movimento e criticou a ausĂȘncia de visitas aos assentamentos. "Não é razoĂĄvel que em dois anos o presidente Lula não tenha feito nenhuma agenda em um assentamento ou em uma ĂĄrea de agricultura familiar", afirmou.
Rodrigues destacou que ações simbólicas, como visitas a cooperativas ou ĂĄreas agrĂcolas, fortaleceriam a comunicação sobre a agricultura familiar. "Precisamos de atividades com o presidente Lula fora do PalĂĄcio, no meio do povo, na periferia, nos espaços da agricultura familiar e assentamentos. Para comunicar sobre a agenda, é muito melhor estar numa ĂĄrea agrĂcola do que dentro do PalĂĄcio anunciando crédito."
O dirigente também criticou a demora na efetivação de polĂticas pĂșblicas para a reforma agrĂĄria e cobrou resultados concretos. "O setor organizado não foi beneficiado ainda com as polĂticas construĂdas até agora. Estamos em fase final de organização, mas não podemos chegar em abril, maio de 2025, sem os anĂșncios prometidos pelo presidente Lula na campanha."
João Pedro Stedile, principal lĂder do MST, reforçou o descontentamento do movimento em entrevista recente à Folha de S. Paulo , chamando de "vergonhosa" a gestão da reforma agrĂĄria. Ele destacou que as promessas feitas pelo governo ainda não se concretizaram.
Nesta sexta, Rodrigues confirmou que o MST formalizou um convite para que Lula e Paulo Teixeira visitem assentamentos em 2024, com a expectativa de que essas agendas resultem no anĂșncio de novos assentamentos.
Ceres Hadich, outra dirigente do movimento, alertou sobre a lentidão do processo. "Efetivamente, desde o ano passado, nenhuma famĂlia foi para a terra, como diz o presidente Lula. A gente tem hoje não mais do que uma perspectiva de assentamento entre 9 e 10 mil famĂlias até o inĂcio do próximo ano. Isso é preocupante."
Questionados sobre a permanĂȘncia de Paulo Teixeira no ministério, os lĂderes do MST afirmaram que a decisão cabe ao presidente, mas criticaram a falta de comprometimento do governo com a reforma agrĂĄria. "Se não hĂĄ solidez e unidade de ação em relação à reforma agrĂĄria, não faz sentido ter um ministério ou ministro cuidando dessa massa", afirmou Hadich.
Para 2025, o MST jĂĄ planeja novas mobilizações, incluindo ações planejadas para mulheres em março e uma série de invasões em abril.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/