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Polícia

Grupo Bitong: como age máfia chinesa que extorque lojistas da 25


São Paulo — Um grupo de criminosos pratica extorsão e ameaça contra chineses que comercializam capinhas de celular na 25 de Março, movimentada rua da região central de São Paulo. Identificado como Grupo Bitong, o bando é liderado por Liu Bitong (foto em destaque, no centro), de 51 anos, mafioso preso pela Polícia Federal (PF) na segunda-feira (16/12), em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.

O Grupo Bitong, formado por chineses, é uma ramificação da Máfia Chinesa, também conhecida como Tríade Chinesa. O foco da associação criminosa é a venda de capinhas de celular no centro de São Paulo.

Os integrantes do bando praticam extorsão contra outros chineses que comercializam o produto no centro de São Paulo, especialmente na região da 25 de Março.

O Metrópoles teve acesso a dados da investigação que apura a conduta dos envolvidos. De acordo com depoimentos prestados à Polícia Civil e posteriormente à Justiça, todos os criminosos são naturais da Província de Fujian, na China – bem como parte de suas vítimas. A maioria dos envolvidos se conhecia desde a infância.

"A máfia chinesa é responsável pela venda de capas de celulares. Diante disso, quem quer também vender capas deve pagar uma quantia para a máfia, caso contrário é morto", disse uma testemunha protegida à Polícia Civil em 9 de janeiro de 2016.

Investigação de assassinato revelou existência da máfia chinesa
As investigações iniciaram após o assassinato de Zhenhui Lin na madrugada de 30 de janeiro de 2015, na Sé, crime do qual Liu Bitong é acusado de ser o mandante. No momento da execução, Liu estava em um carro estacionado observando seus comparsas tirarem a vida do desafeto.

Ainda segundo o depoimento de testemunhas, colhidos ao longo da investigação, Zhenhui estava no Brasil há aproximadamente 13 anos quando foi morto. Também natural de Fujian, ele comprava e revendia capinhas de celular no centro de São Paulo.

A partir de 2014, Zhenhui passou a ser ameaçado pelo Grupo Bitong. Testemunhas apontam que o comerciante pagou de cinco a seis parcelas de R$ 30 mil aos criminosos entre a primeira ameaça e a data de sua morte, montante que pode variar de R$ 150 mil a R$ 180 mil. Ele teria sido executado por ter se recusado a continuar fazendo o pagamento da propina.

Extorsão, ameaça e mortes
A prática de extorsão era bastante comum entre o Grupo Bitong, que realizava ameaças principalmente por telefone. "Todos os matadores da máfia fazem desta maneira, intimidam a vítima por telefonema", disse uma pessoa à polícia.

As testemunhas apontaram práticas de crimes como sequestro, extorsão, ameaça e homicídios.

De acordo com o relatório de investigação, agentes da Polícia Civil iniciaram a apuração da morte de Zhenhui no local dos fatos, na Sé. A diligência revelou mais detalhes sobre o modus operandi do grupo criminoso.

"Perguntamos a alguns comerciantes locais sobre o crime em tela, se sabiam algo a respeito da autoria delitiva, se poderiam cooperar, porém era visível o medo das pessoas muitos assustados, sem citar que a maioria deles são de etnia oriental (chineses), a lei do silêncio e a difícil comunicação eram alguns obstáculos que nos deparamos, porém era quase que palpável a sensação de terror desses comerciantes", diz o documento da polícia.

Ainda de acordo com o relatório, os agentes foram informados de que alguns dos atos criminosos entre os anos de 2014, 2015 e 2016 contra chineses teriam sido cometidos pelos mesmos autores, o Grupo Bitong.

Quem é Liu Bitong, líder do grupo
O grupo era liderado por Liu Bitong, também chamado de Bitong Liu, que formou a ramificação juntamente com seu irmão Bi Young Liu, Bo Lin, Ou Zhou, Dagui Wang e outros matadores, "cada qual com suas funções, sendo o objetivo deste grupo, em primeiro plano, angariar quantias vultosas de dinheiro de chineses que trabalham com o comércio de importados no Brasil", diz o relatório.

Conforme a investigação da Polícia Civil feita com a comunidade chinesa do centro de São Paulo, os comerciantes mantêm o voto de silêncio por temerem por suas vidas no Brasil e pela de seus parentes na China.

Prisão
Após a denúncia do MP sobre a morte de Zhenhui, a Justiça decretou a prisão preventiva dos acusados. Um deles chegou a ser preso preventivamente, mas teve a liberdade provisória concedida posteriormente. Outros dois foram presos no exterior e extraditados.

Liu conseguiu escapar de uma grande operação policial realizada em São Paulo, em 2017. A ação resultou no cumprimento de 20 mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão. Durante as diligências, as autoridades apreenderam sete armas de fogo com integrantes do grupo.

O líder do bando permaneceu foragido até ser preso na segunda. Ele era procurado pelos crimes de homicídio, roubo qualificado, extorsão, extorsão mediante sequestro e organização criminosa. Seu nome chegou a ser incluído na lista da Difusão Vermelha da Interpol, em março de 2019.

Informações indicavam que o homem estaria escondido na Venezuela há pelo menos três anos.

"Preso mostrava-se abalado pela prisão, tornando imprevisível qualquer possibilidade de reação no trajeto até a unidade de destino, de forma que o uso das algemas também se impôs como medida necessária para prevenir, coibir e desestimular qualquer reação por parte do preso contra a equipe de policiais, o patrimônio público ou sua própria integridade física", diz documento da PF.

O criminoso se encontra na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, capital de Roraima, conforme informou a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania do Estado (Sejuc).

agoranoticiasbrasil.com.br/

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