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Economia

Gigantes do atacado e varejo demitem em ação incomum pelo momento de festas de fim de ano


Em um movimento surpreendente, especialmente considerando o período de festas de fim de ano, Carrefour e GPA (dono da rede Pão de Açúcar) informaram que estão promovendo cortes de pessoal em suas operações. As decisões foram publicadas pelo Valor Econômico, e refletem as dificuldades que ambas as empresas enfrentam para se ajustar a um cenário econômico desafiador, marcado por juros altos e desafios internos na gestão de vendas e eficiência.

Carrefour: 2,2 mil demissões e reestruturação contínua
O Carrefour está conduzindo uma redução de cerca de 2,2 mil empregos nas unidades de varejo e atacarejo (especialmente no Atacadão, maior rede de atacarejo do Brasil). As demissões afetam principalmente as operações de hipermercados e foram intensificadas nos últimos meses. No caso do Atacadão, mais de mil funcionários foram desligados em novembro, com uma média de três cortes por loja. As medidas são vistas como parte de uma reestruturação interna da companhia, que visa ajustar a operação a um modelo mais enxuto, dada a pressão de custos elevados e a necessidade de gerar mais eficiência operacional.

Apesar da quantidade de desligamentos, o Carrefour afirmou que as mudanças não devem afetar a operação das lojas durante o período de festas. Em uma nota divulgada à B3, a empresa destacou que os ajustes são parte de um movimento natural do setor, e que os serviços aos clientes não seriam impactados. No total, o grupo Carrefour conta com cerca de 150 mil funcionários e a redução de pessoal representa 1,5% do quadro total de funcionários, com maior peso nas operações de chão de loja, como no Atacadão.

A reestruturação do GPA e cortes administrativos
Por outro lado, o GPA, que já está em processo de "turnaround" desde 2016, também está realizando ajustes, mas de forma mais gradual. A empresa optou por distribuir os cortes ao longo do tempo para minimizar o impacto imediato. Atualmente, as reduções afetam principalmente a sede administrativa, localizada em São Paulo, com foco em redução de custos.

A meta do GPA é reduzir suas despesas gerais e administrativas em R$ 100 milhões, o que equivale a uma redução de aproximadamente 15% das despesas totais da companhia. O corte de pessoal no grupo inclui principalmente gerentes de média hierarquia e alguns diretores, com a implementação de um modelo de "merger" de funções, ou seja, um funcionário acumula as responsabilidades de duas posições, visando a redução de custos operacionais.

Em relação ao impacto dos cortes, fontes internas indicam que cerca de 12% a 15% da receita líquida do GPA é consumida pelos custos com pessoal, o que torna inevitável a redução de funcionários como uma medida para o controle das finanças. O grupo não comentou oficialmente sobre o tema, mas reconhece que o processo de reestruturação já está em andamento há vários anos, visando melhorar a relação entre dívidas e geração de caixa.

O impacto da alta dos juros e inflação
Ambos os grupos enfrentam um cenário econômico difícil, com inflação elevada e juros altos, o que tem pressionado as margens de lucro e os custos financeiros das empresas. O aumento da taxa de juros, em particular, tem afetado diretamente as despesas financeiras das empresas brasileiras, tornando essencial para os grupos varejistas buscar eficiência e reduzir despesas, especialmente com pessoal.

Além disso, o Carrefour está passando por um processo de conversão de unidades de hipermercados em Atacadão, um movimento que visa melhorar o desempenho das operações. No entanto, as dificuldades em melhorar as vendas e a eficiência dessas unidades têm sido um obstáculo contínuo para a companhia.

Perspectivas para 2025
Com essas reestruturações, tanto o Carrefour quanto o GPA buscam entrar em 2025 com operações mais "limpas" e adaptadas às novas exigências do mercado. As demissões e cortes de pessoal são parte dessa adaptação, em um momento em que o setor varejista enfrenta desafios ainda maiores devido ao cenário macroeconômico brasileiro.

Apesar dos cortes, a expectativa é que ambos os grupos consigam recuperar a eficiência operacional e melhorar sua lucratividade nos próximos anos. O sucesso dessas reestruturações, porém, dependerá de como as empresas lidarão com a pressão dos juros elevados e com a necessidade de inovar em um mercado cada vez mais competitivo.

agoranoticiasbrasil.com.br

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