No ano em que a Operação Lava Jato completa
10 anos, duas empresas que protagonizaram alguns dos maiores episódios de
corrupção do Brasil voltaram a participar de licitações da Petrobras. As
personagens em questão, as construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht – atual Novonor, que estavam proibidas de
integrar os processos licitatórios da companhia, conseguiram voltar ao páreo
depois que a petroleira as reabilitou no final do primeiro semestre do ano
passado.
Com a liberação para participar dos certames, as empresas venceram lotes
de uma licitação para as obras de complementação da Refinaria Abreu e Lima
(Rnest). A Consag, empresa da Andrade Gutierrez que atua no mercado privado,
venceu dois lotes, com valores da ordem de R$ 3,7 bilhões. Já a Tenenge,
empresa da Novonor, ganhou três lotes, com uma cifra total acima de R$ 5
bilhões.
No entanto, a licitação do chamado segundo trem de refino da Abreu e
Lima acabou se tornando alvo do Tribunal de Contas da União (TCU), que em um
relatório de fiscalização de obras públicas apontou "risco às licitações" nos
acertos para retomada das obras. De acordo com o relatório, o risco decorreria
da falta de competitividade e propostas significativamente maiores que o
orçamento referencial.
Em meio a esse quadro, a petroleira encerrou a licitação sob a
justificativa de que as propostas não convergiram com o orçamento. A empresa
alegou, porém, que o processo foi conduzido de acordo com a Lei das Estatais, o
regulamento de licitações e os padrões corporativos. No entanto, na última
segunda-feira (9) a companhia relançou os editais, cujos resultados estão
previstos para o primeiro semestre de 2025.
Ironicamente, a Refinaria Abreu e Lima tem um vasto histórico de
corrupção desde o primeiro mandato do governo Lula (PT) chegando até a
administração de Dilma Rousseff. Localizada no sul de Pernambuco, a refinaria
seria uma obra entre a Petrobras e a estatal venezuelana PDVSA, que desistiu do
negócio em 2013 por causa dos elevados custo de operação da refinaria. O
projeto seguiu apenas com a Petrobras.
Pleno News