O governo Lula enfrenta a pressão para resolver um tema central na relação entre os TrĂȘs Poderes: as emendas parlamentares. Nesta sexta-feira (6), estĂĄ prevista a liberação de R$ 7,8 bilhões em emendas individuais e de bancada. Apesar disso, parlamentares mostram insatisfação com as novas regras de uso das emendas, estabelecidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), FlĂĄvio Dino, e confirmadas pelo plenĂĄrio da Corte.
A determinação de Dino veio mesmo após o Congresso aprovar e o presidente Lula sancionar regras que visam mais transparĂȘncia na destinação dos recursos. Mas, na avaliação de Dino e dos ministros, elas não eram suficientes.
O deputado Joaquim Passarinho (PL-PA) expressou preocupação com o papel do STF. "HĂĄ essa percepção na Casa de que algumas atuações estão beneficiando o governo", afirmou. Por outro lado, Bohn Gass (PT-RS) defendeu as novas regras e enfatizou que a transparĂȘncia é um avanço necessĂĄrio para o equilíbrio entre os poderes.
Para o cientista político Gylwander Peres, a atuação do STF busca corrigir distorções recentes na relação entre o Legislativo e o Executivo, especialmente no campo orçamentĂĄrio, com uma participação crescente do Congresso nos últimos anos. "Estamos no ĂĄpice da crise do presidencialismo de coalizão. O Supremo estĂĄ exercendo um papel de arbitragem constitucional para restaurar a transparĂȘncia e o equilíbrio na coordenação orçamentĂĄria", avaliou.
Com essas tensões, o governo precisarĂĄ fortalecer a articulação para garantir o avanço das propostas e evitar retrocessos nas medidas jĂĄ anunciadas. Entre elas estĂĄ o pacote de corte de gastos que busca o equilíbrio das contas públicas e depende da aprovação do Congresso. Após intensas negociações, o governo federal conseguiu avançar na primeira etapa.
Na noite de quarta-feira (05), a Câmara dos Deputados aprovou as urgĂȘncias de dois projetos prioritĂĄrios do pacote. Ambos os placares foram apertados: uma das urgĂȘncias obteve 260 votos, enquanto a outra passou com 267, pouco acima do mínimo dos 257 necessĂĄrios. Os placares indicam os desafios que ainda estão por vir na articulação com os parlamentares. A aprovação das urgĂȘncias garante agilidade nas discussões, mas não aborda o mérito dos textos, o que deve ocorrer na semana que vem.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/