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ONG com R$ 3 milhões em emendas de Alcolumbre e Randolfe tem indícios de irregularidades

Por Redação 18/12/2024 às 10:48:59

Emendas "Pix" dos senadores Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e Randolfe Rodrigues (PT-AP)que somam R$ 3 milhões beneficiaram uma ONG do AmapĂĄ que entrou no foco da CGU (Controladoria-Geral da União) sob suspeita de sobrepreço e de falta de transparĂȘncia e de critérios para a sua escolha.

A entidade promoveu festivais em cidades do estado divulgados pelos dois parlamentares desde o ano passado. Também foi verificado pela Controladoria que a instituição não tinha capacidade técnica para executar os serviços.

Os recursos foram repassados à Prefeitura de Santana (AP) e ao governo do estado e, por estes, ao Inorte (Instituto de Gestão em Desenvolvimento Social e Urbano). Os senadores negam conhecer a ONG e afirmam que repassaram as verbas às administrações pĂșblicas, sem direcionamento.

A Inorte, quando foi aberta em 2005 e antes de fazer estes festivais, funcionava como associação de empreendedores evangélicos e prestava serviços de assistĂȘncia a crianças e adolescentes.

Em 2021, o CNPJ passou por uma reformulação, ganhou novos nomes, donos, endereço e funções. Hoje, a instituição lista 20 atividades econômicas no seu cadastro na Receita Federal, como o comércio varejista de livros, produção de filmes para publicidade, produção cinematogrĂĄfica e aluguel de equipamentos recreativos e esportivos, palcos e coberturas.

A CGU identificou irregularidades na execução de cerca de R$ 850 mil em emendas de Randolfe pela Inorte. As verbas foram repassadas ao Governo do AmapĂĄ para realizar, neste ano, o 79Âș aniversĂĄrio da cidade de Oiapoque e a Festa de São Tiago, no municĂ­pio de Mazagão. O governador Clécio LuĂ­s (Solidariedade) é aliado de Randolfe e tem defendido o uso de emendas parlamentares.

Segundo a Controladoria, a seleção da ONG, feita sem chamamento pĂșblico e concorrĂȘncia, foi irregular, jĂĄ que outras instituições poderiam realizar o mesmo serviço.

A Controladoria também afirmou que a ONG terceirizou todas suas entregas no evento e que uma das empresas subcontratadas pertence ao diretor financeiro da instituição.

Além disso, o escritório que prestou serviços de advocacia à ONG foi aberto com o nĂșmero de telefone da entidade e é de uma advogada que jĂĄ prestava serviços a ela.

A CGU identificou 194% de sobrepreço na contratação de serviços de conteĂșdo intelectual, com "expressivas variações" em serviços jurĂ­dicos e gestão do projeto e plano de trabalho.

De acordo com a Controladoria, os achados representam um grande risco de lesão ao erĂĄrio, uma vez que as empresas contratadas tĂȘm elos com pessoas que possuem vĂ­nculos profissionais com a Inorte.

Nos perfis em redes sociais da Inorte, hĂĄ vĂ­deo com entrevista, fotos e o nome de Randolfe divulgado em publicações sobre esses eventos. Ele também posou em uma foto com funcionĂĄrios da ONG em visita ao Congresso Nacional, em BrasĂ­lia, em setembro do ano passado.

Por meio de sua assessoria, o senador reafirmou que não tem relação com o Instituto Inorte, que as festas mencionadas são pĂșblicas e que é de conhecimento geral que participa de uma série de eventos pĂșblicos e tira fotos diversas com as pessoas.

Randolfe também disse que a CGU não indicou ilĂ­citos na execução de emendas apontados especificamente ao seu gabinete e sim fatos relacionados à gestão de recursos do estado e municĂ­pios e da organização não governamental.

No final do ano passado, a Inorte também recebeu R$ 1,2 milhão da Prefeitura de Santana, com recursos da emendas de Alcolumbre para realizar o evento "Viva Santana 2023". O evento ocorreu entre novembro e dezembro, com apresentação gospel, coral, evento gastronômico e feira tecnológica.

Em anĂĄlise, a CGU apontou que o municĂ­pio não cumpriu o prazo para que instituições interessadas em executar o projeto pudessem apresentar as suas propostas, o que prejudicou a competição, e que a Inorte forneceu a sua prestação de contas do evento de forma incompleta.

O mesmo foi dito na execução de outra emenda de Alcolumbre de cerca de R$ 1 milhão para a Inorte executar o festival de verão da cidade.

O senador disse, por meio de sua assessoria, que conforme estabelecido pela Constituição, "nunca destinou emenda de transferĂȘncia especial para institutos ou ONGs" e sim para o Governo do AmapĂĄ ou para prefeituras, conforme previsto na legislação.

Também disse que os municĂ­pios e o governo beneficiados por essas emendas são responsĂĄveis legalmente por informar sobre a gestão dos recursos.

JĂĄ o Inorte respondeu, por meio do advogado HercĂ­lio Aquino, que a região amazônica, onde o AmapĂĄ se situa, apresenta desafios logĂ­sticos e operacionais que impactam diretamente nos custos das contratações, especialmente na ĂĄrea cultural.

Além disso, afirmou que todas as metas estabelecidas foram exaustivamente comprovadas em relatório final no processo e que a contratação de diretores ou pessoas ligadas ao quadro superior da organização "se torna necessĂĄria para suprir a demanda operacional, sem a necessidade de ampliar o quadro com novos colaboradores externos".

A Prefeitura de Santana disse que todas as entidades foram selecionadas por chamada pĂșblica amplamente divulgada e que os recursos são aplicados de acordo com o planejamento elaborado pela gestão. O Governo do AmapĂĄ não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/

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