A agência internacional de classificação de risco S&P manteve o rating soberano do Brasil em "BB-", mantendo o grau especulativo, mas revisou a perspectiva de estável para positiva. Essa decisão se deu devido a expectativas de maior pragmatismo na política nacional. Segundo a S&P, uma maior certeza em relação às políticas fiscal e monetária estáveis poderá trazer benefícios para o crescimento econômico do Brasil, que atualmente está baixo.
"Revisamos nossa perspectiva para o Brasil de estável para positiva e reafirmamos nossos ratings de crédito soberano "BB-/B"", diz o relatório. "Nossa visão positiva baseia-se na perspectiva de que medidas contínuas para enfrentar a rigidez econômica e fiscal podem reforçar nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil e reduzir os riscos à sua flexibilidade monetária e posição externa líquida".
A S&P aponta que o rating reflete a complexa estrutura institucional que contribui para a estabilidade macroeconômica, mas também pode resultar em uma implementação de políticas mais lenta.
"Em nossa opinião, a falta de capacidade para lidar rapidamente com as deficiências econômicas impede o Brasil de crescer em um ritmo mais rápido e consistente frente outros mercados soberanos emergentes em um nível semelhante de desenvolvimento. Também limita a capacidade do Brasil de lidar com uma estrutura orçamentária rígida, que contribui para grandes déficits fiscais e uma elevada carga de dívida", avalia.
"Recentemente, revisamos nossa previsão de crescimento de 0,7% para 1,7% em 2023 devido ao desempenho agrícola muito forte e seus efeitos no resto da economia. Esses efeitos mais do que compensam uma postura monetária muito restritiva que desacelerou o consumo e contraiu o investimento até agora em 2023", pontua.
"Estimamos que o PIB per capita chegará a US$ 9.700 em 2023 e tenderá a US$ 10.800 até 2026. A taxa média do crescimento do PIB está aumentando, mas ainda é inferior ao de pares com o mesmo nível de desenvolvimento econômico", afirma.
No primeiro trimestre deste ano, a economia brasileira apresentou um avanço de 1,9%, sendo impulsionada pelo setor do agronegócio. Isso gerou um impacto significativo nas projeções de bancos e instituições financeiras, que agora esperam um desempenho superior a 2% para o ano. Se essa expectativa se concretizar, o Brasil conseguirá manter um crescimento acima de 1% por três anos consecutivos. Em relação à situação fiscal, destaca-se o novo arcabouço fiscal, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados e aguarda votação no Senado Federal na próxima semana. Esse conjunto de regras substituirá o teto de gastos e estabelece uma nova meta de resultado primário, permitindo que seja alcançado um déficit zerado no próximo ano. Além disso, o plano também limita os gastos a 70% da receita.
Gazeta Brasil