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Escala 6×1: Economista do Novo viraliza ao desconstruir PEC

Por Blog do Elias Hacker 12/11/2024 às 18:44:19

O argumento do economista e deputado estadual Leo Siqueira (Novo-SP) confrontando o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que visa reduzir a jornada mĂĄxima de trabalho para 36 horas semanais, viralizou nas redes sociais por sua coerĂȘncia incontestĂĄvel.

O parlamentar explicou, em seu perfil no X, nesta segunda-feira (11), os efeitos nocivos da proposta do ponto de vista econômico, assim como o alto custo operacional para as empresas, produzindo o encarecimento dos produtos ao consumidor, além de gerar mais informalidades e contribuir para ampliar o desemprego, que jĂĄ é elevado.

Confira, na íntegra, os pontos destacados por Siqueira:

"Leo, vocĂȘ deveria apoiar o projeto da Deputada Erika Hilton do PSOL, que acaba com a escala 6×1 e implementa a escala 4×3…"


É verdade, como deputado seria mais fĂĄcil apoiar esse projeto. Mas, como economista, eu sou obrigado a falar das consequĂȘncias disso… Porque, veja, vocĂȘ pode escolher o que quiser, mas não pode evitar as consequĂȘncias das suas escolhas.

Pois bem. Se reduzimos a escala de 6×1 para 4×3, isso resulta numa redução da força de trabalho de 33%. Certo? Sim, isso é incontestĂĄvel.


Agora, se a força de trabalho diminui em 33%, mas os salĂĄrios são mantidos, o custo do trabalho aumenta para as empresas.

No curto prazo, isso pode parecer vantajoso para alguns, mas hĂĄ consequĂȘncias inevitĂĄveis para todos.

Quem paga por isso?

Bem, quando o custo do trabalho aumenta, trĂȘs coisas podem acontecer:

1. As empresas podem repassar o custo aumentando os preços. Nesse caso, todos os consumidores pagam a conta dessa inflação.


2. As empresas buscam alternativas como o trabalho informal para cortar custos. Nesse caso, quem paga são os trabalhadores estando na informalidade.

3. As empresas podem contratar menos e até substituir gente por mĂĄquina. Quem paga também são os trabalhadores com menos empregos.

"Ah, eu não acredito que isso aconteça…"


Ok! Não precisa acreditar em mim; basta olhar os dados.

As empresas que utilizam a escala 6×1 geralmente estão no setor de serviços, onde a informalidade é alta.

Só para ter uma ideia, na construção civil, 60% dos trabalhadores são informais; no comércio, esse número é de 40%.

Veja o caso das empregadas domésticas: em 2013, o governo Dilma aprovou a PEC das domésticas, que jurava que aumentaria os direitos das empregadas domésticas. Passados dez anos, a informalidade que era de 68% passou para 75% e não houve aumento do número de contratações. E o pior, não houve aumento de renda. Como jĂĄ esperado pelos céticos, não pelos populistas.

Agora vamos ver outra pesquisa.

Uma tese de um aluno do Phd em Economia olhou como a reforma portuguesa que reduziu as horas de 44 para 40 horas em 1996, na caneta, impactou o emprego, a produção e a produtividade das empresas. O resultado?

Com o aumento do custo do trabalho, as empresas afetadas reduziram suas vendas e diminuíram as contratações.

Outra pesquisa olhou 25 países desenvolvidos. E mostra que a redução de 1% nas horas de trabalho de forma artificial aumentou a automação em 1%.

Ainda assim, é natural que os trabalhadores queiram menos horas de trabalho. E é exatamente por isso que eu defendo que todo trabalhador tenha o direito de negociar diretamente com seu empregador, recebendo um salĂĄrio-mínimo por hora trabalhada.

Nos Estados Unidos é assim. O salĂĄrio mínimo é de 7,25 dólares por hora trabalhada. Trabalha mais, ganha mais; trabalha menos, ganha menos. Simples!

"Ah, vocĂȘ é contra a redução das horas trabalhadas?".

Negativo. O que estou alertando é que fica fĂĄcil políticos pagarem de heróis sendo que quem paga o preço dessas escolhas não são eles. São os trabalhadores que verão seus empregos ameaçados, seus salĂĄrios corroídos pela inflação e suas funções substituídas por mĂĄquinas.

Se realmente queremos uma redução de horas trabalhadas de forma sustentĂĄvel, temos que olhar para como outros países conseguiram isso. E não foi através da caneta ou de populismo de políticos. Foi investindo em tecnologia, mĂĄquinas e equipamentos. Acabando com a burocracia das empresas. Foi aumentando a produtividade. Com as pessoas produzindo mais, elas podem descansar mais e terem salĂĄrios altos. Mas, se a maioria ainda insistir, estĂĄ bem.

É como dizer a um nutricionista que quer comer 6 mil calorias por dia sem engordar. Um profissional que concorda com isso estĂĄ enganando vocĂȘ.

Assim como na política. Enganar as pessoas com palavras bonitas é fĂĄcil. Mas enfrentar a realidade com responsabilidade e coragem, isso sim exige compromisso. E é justamente pela abundância de populistas e a escassez de líderes corajosos que nosso país continua pobre.

Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br

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