A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, afirmou que não
"irá cair em provocações" e pediu para a população adotar um comportamento
diferente ao do governo de Maduro, que teria "a violência como último recurso".
Ela discursou durante manifestações neste sábado (3) contra o resultado das
eleições, que teve Maduro como vitorioso. Para os opositores do governo, o
candidato Edmundo González foi o vencedor do pleito.
"A violência não vai derrubar a verdade", disse.
Corina pediu à população para a manifestação ser pacífica: "Nós não
agrediremos".
A líder da oposição declarou também que o atual presidente não esperava
a reação da população, que contesta o resultado divulgado.
"Como sempre, eles são capazes de qualquer coisa, mas nunca contaram com
essa nossa reação, nunca imaginaram essa nossa reação. Não imaginaram que seria
esta coragem".
Duas manifestações acontecem ao mesmo tempo em Caracas: uma a favor e outra
contra o presidente.
Este protesto foi convocado por Corina nas redes sociais. Ela chegou ao
local de caminhão, acompanhada por diversos líderes da oposição. O candidato
Edmundo González Urrutia não estava presente. Tanto Corina quanto Gonzales
estão sendo ameaçados de prisão. Até este sábado, ela estava escondida e
temendo por sua vida, de acordo com reportagem do jornal americano "The Wall
Street Journal".
Maduro disse na quarta (31) que Corina Machado e Edmundo González "têm
que estar atrás das grades" e os convocou a "deixarem de ser covardes" e "se
apresentarem ao MP para dar a cara a tapa". O presidente também prometeu que "a
Justiça vai chegar" para eles.
O protesto foi convocado por Corina nas redes sociais. Ela chegou ao
local de caminhão, acompanhada por vários líderes da oposição, mas não por seu
candidato Edmundo González Urrutia.
Durante o discurso da líder, a população gritava: "Não temos medo".
Corina lembrou que, mesmo as eleições tendo sido realizadas há 6 dias, o
órgão eleitoral venezuelano não entregou as atas de votação. O documento foi
solicitado pela oposição e por outros países, incluindo o Brasil.
"O regime nunca esteve tão frágil como hoje, nós temos a legitimidade e
o mundo está vendo isso", declarou.
A líder da oposição afirmou que já sabia que o reconhecimento de uma
vitória seria difícil e alegou que os dados que apontam a perda de Maduro são
"oficiais e originais".
Ela pediu ainda para que os fiscais eleitorais resistissem e que sabe
que os funcionários do governo enfrentam grande pressão no momento.
Em seu discurso, Corina declarou que não deseja o país dividido. "Eu
quero que todos estejam juntos, alguns já estão se somando ao movimento. [
]
Vamos fazer isso juntos como nação", afirmou.
Entenda a crise
Nicolás Maduro foi declarado o vencedor das eleições de 28 de julho pelo
Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na segunda-feira (29). O órgão responsável
pelas eleições no país é presidido por um aliado do presidente.
Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos, enquanto seu opositor, Edmundo
González, recebeu 43,18%, com 96,87% das urnas apuradas, segundo números do CNE
atualizados na tarde desta sexta-feira (2).
A oposição e a comunidade internacional contestam o resultado divulgado
pelo órgão eleitoral e pedem a divulgação das atas eleitorais. Segundo contagem
paralela da oposição, González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% de
Maduro.
Com base nessas contagens, Estados Unidos, Panamá, Costa Rica, Peru,
Argentina e Uruguai declararam que o candidato da oposição venceu Maduro.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também não reconheceu o
resultado das eleições presidenciais. Em relatório feito por observadores que
acompanharam o pleito, a OEA diz haver indícios de que o governo Maduro
distorceu o resultado.
O relatório também afirmou que o regime venezuelano aplicou "seu esquema
repressivo" para "distorcer completamente o resultado eleitoral".
Brasil, Colômbia e México divulgaram uma nota conjunta na quinta-feira
(1º), pedindo a divulgação de atas eleitorais na Venezuela. A nota pede também
a solução do impasse eleitoral no país pelas "vias institucionais" e que a
soberania popular seja respeitada com "apuração imparcial".
O Brasil já vinha pedindo que o CNE — órgão controlado na prática por
Maduro — apresente as atas eleitorais, espécie de boletim das urnas.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/