Argentina faz acordo com El Salvador para usar modelo de sucesso no
controle da criminalidade do presidente Nayib Bukele
Patricia Bullrich, ministra da Segurança da Argentina, e Gustavo Villatoro, seu
homólogo de El Salvador, firmaram um acordo na terça-feira, dia 18, para
"fortalecer" o combate ao crime organizado. O regime de exceção de El Salvador,
que se baseia na eliminação das gangues que tornavam o país um dos mais
violentos do mundo, enfrenta acusações de violação à democracia, com prisões
arbitrárias, judiciário prejudicado e oposição reprimida. No entanto, o sucesso
na diminuição da criminalidade aumentou o prestígio do "modelo Nayib Bukele",
presidente de El Salvador, em nações latino-americanas.
"Seguindo as orientações dos
líderes de El Salvador e da Argentina, nosso presidente Nayib Bukele e o
presidente Javier Milei, assinamos, juntamente com a ministra Patricia
Bullrich, um acordo de trabalho entre os dois países, com o firme compromisso
de fortalecer a luta contra o crime organizado", disse Villatoro nas redes
sociais.
Segundo o comunicado conjunto, "serão criados espaços de análise
especializados para desenhar estratégias e desenvolver ferramentas inovadoras
que permitam combater eficazmente os grupos criminosos". Nesse sentido, El
Salvador e Argentina anunciaram intenção de criar o que chamaram de um
"laboratório de políticas de segurança" com dados atualizados dos dois países
"e de qualquer outro país que decida aderir ao mesmo".
Villatoro destacou que o governo de El Salvador compartilhou com a
delegação argentina "as ferramentas e ações que implementamos no
desenvolvimento do Plano de Controle Territorial, a estratégia de segurança
bem-sucedida que deixou resultados sem precedentes em nosso país".
Interesse argentino
A visita de quatro dias de Bullrich a El Salvador, iniciada no domingo,
culminou com o acordo. Durante o dia da chegada, a ministra argentina fez uma
visita a uma megaprisão, inaugurada em 2022, que pode acomodar 40 mil
prisioneiros. Bukele a acolheu na terça-feira na sede do governo.
A criação da megaprisão é uma resposta do governo de El Salvador a um
aumento alarmante na taxa de criminalidade que, em 2022, resultou na morte de
87 pessoas em apenas dois dias. Além disso, Bukele decretou estado de
emergência – que já foi prorrogado 22 vezes – e deu permissão para a polícia
prender qualquer pessoa suspeita de envolvimento com gangues. A maioria dos
detidos ainda não foi a julgamento e, quando – ou se – os julgamentos começarem,
serão processos coletivos, envolvendo até 900 acusados cada um.
"Estamos muito impressionados com todo o processo, obtivemos informações
absolutamente completas", disse Bullrich ao presidente salvadorenho. "Isso se
consegue com mudanças legislativas e vontade política para levar as forças de
segurança e militares onde elas têm de estar", continuou, referindo-se à
redução da criminalidade em El Salvador.
Bukele: O Presidente Mais Querido da América Latina Inspira Outros
Líderes com seu Sucesso no Controle da Criminalidade
A popularidade de Bukele como o presidente mais querido da América Latina, com
quase 80% de aprovação, é atribuída ao seu sucesso no controle da
criminalidade. Agora, outros líderes tentam seguir seu modelo, deixando de lado
as controvérsias.
O presidente Daniel Noboa do Equador, um país sob o controle de gangues
de narcotraficantes, proclamou um estado de exceção e anunciou planos para a
construção de duas megaprisões. Rafael López Aliaga, o prefeito de Lima, fez
referência a um "plano Bukele" ao pedir a presença militar nas ruas. Honduras
está planejando a construção de uma prisão especificamente para gângsteres.
Três membros do Movimento Brasil Livre (MBL) foram enviados para observar a
reeleição de Bukele, e vão elaborar um documento com medidas que se inspiram
nele.
As informações são da Veja.