Claudia Sheinbaum, da coligação Sigamos Haciendo Historia
(centro-esquerda), foi eleita a primeira mulher presidente do México. Segundo
projeção da Comissão Eleitoral, divulgada nesta segunda-feira (3), a política
obteve entre 58,3% e 60,7% dos votos, derrotando os adversários Xóchitl Gálvez
(26%) e Jorge Álvarez Máynez (9%).
O resultado confirma as projeções anteriores, que apontavam Sheinbaum
como favorita nas eleições. Agora, o México se junta a uma lista de 11 nações
latino-americanas que são ou já foram governadas por mulheres: Argentina,
Bolívia, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, El Salvador, Haiti, Honduras,
Nicarágua e Panamá.
Pelas redes sociais, Sheinbaum fez um discurso de vitória, agradecendo
aos eleitores pelo apoio e informando que foi parabenizada pelos concorrentes.
"Pela primeira vez em 200 anos de República, haverá uma mulher
presidente e ela será transformadora. Quero agradecer aos milhões de homens e
mulheres mexicanos que decidiram votar em nós nesta jornada histórica", disse
Sheinbaum. "Espero trabalhar na construção da paz e em um México diverso e
democrático", acrescentou.
O atual presidente do México e aliado de Sheinbaum, Andrés Manuel López
Obrador, também parabenizou a política pela vitória, dizendo que ela pode ser a
presidente mais votada em toda a história do país. Isso porque, com 58,3% dos
votos, Sheinbaum supera os 54,7% dos votos recebidos pelo líder no pleito de
2018.
"Parabenizo Claudia Sheinbaum, que triunfou por uma grande margem. Ela
será a primeira mulher presidente do México em 200 anos. E ela também pode ser
a presidente mais votada em toda a história do nosso país. Parabéns a todos nós
que temos a alegria de viver nestes tempos estelares de orgulho e
transformação", disse López Obrador.
Cerca de 100 milhões de mexicanos compareceram às urnas no domingo (2).
Além do presidente, os moradores tiveram a chance de escolher os próximos nomes
para os cargos de senadores e deputados, assim como o novo prefeito da Cidade
do México e de outros oito governos. Ao todo, mais de 20 mil cargos entraram em
votação.
Violência nas eleições
As eleições no México este ano foram marcadas pela violência. O candidato a
vereador Israel Delgado Vega foi morto a tiros por dois homens em uma moto
poucas horas antes do início da votação, causando medo na pequena cidade de
Cuitzeo. Além dele, outros 37 candidatos foram assassinados durante a campanha
eleitoral.
Em meio ao cenário, López Obrador prometeu reduzir a violência no país
enquanto ocupar o cargo de presidente. Ele empregou uma estratégia conhecida
como "abraços e não balas", com foco em não enfrentar cartéis, mas abordar os
principais problemas sociais que alimentam o recrutamento de integrantes aos
grupos criminosos, como a pobreza.
Desafios na nova gestão
Além da violência e do conflito com cartéis, Sheinbaum enfrentará uma série de
desafios ao assumir o cargo de presidente. Entre eles está o setor econômico,
no qual a alta taxa de câmbio em relação ao dólar vem prejudicando os
exportadores mexicanos. A alta taxa de juros, que sustenta a moeda, também vem
sufocando o crescimento econômico.
Outro ponto é a escassez de água e energia, provocada pela seca
prolongada no país. O clima quente e abafado também está aumentando os
incêndios florestais, fazendo, até mesmo, com que macacos caiam mortos das
árvores.
A petrolífera estatal mexicana também será um desafio, já que continua
funcionando sob uma montanha de dívidas. O novo projeto de López Obrador
visando uma nova refinaria de petróleo ainda não foi colocado em prática,
enquanto muitos de seus outros projetos de infraestrutura estão inacabados,
acima do orçamento e improváveis de gerar lucro.
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