Documento obtido com exclusividade aponta os erros cometidos pelos
policiais militares que atenderam a ocorrência de um acidente entre um Porsche
e o carro de um motorista de aplicativo. A batida causou a morte de Ornaldo da
Silva Viana, de 52 anos, que dirigia um Renault Sandero.
O Porsche passou por uma segunda perícia. Os peritos não conseguiram
ligar o carro, por causa de um sistema de segurança eletrônico. Durante o
socorro às vítimas, os bombeiros cortaram os cabos de energia para evitar um
incêndio. Com isso, só será possível calcular a velocidade do Porsche no
momento da batida a partir das imagens do acidente e da distância percorrida.
Relembre o caso
Na madrugada do último domingo (31), Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24
anos, saiu de uma casa de pôquer e bateu na traseira do carro do motorista de
Ornaldo, que morreu no hospital. A mãe do motorista do Porsche foi até o local
e levou o filho embora com a estranha autorização de policiais militares.
Fernando também não foi submetido ao teste do bafômetro, apesar de testemunhas
terem dito que ele aparentava estar alcoolizado. O motorista se apresentou na
delegacia na segunda-feira (1) e disse que não ingeriu bebida alcoólica.
Lista de possíveis erros da PM
A suspeita sobre o trabalho dos PMs no local do acidente foi incluída no
inquérito. Um relatório sigiloso, já enviado à Justiça, cita as falhas
cometidas pelos policiais militares logo após a batida. O documento é assinado
pelo delegado que estava de plantão no domingo. Entre as inconsistências,
incluem:
O acidente ocorreu às 2h25 da madrugada, mas a ocorrência só foi
apresentada na delegacia às 7h19, com um intervalo de cerca de cinco horas.
Fernando foi levado para o hospital pela mãe sem uma escolta da PM.
O motorista foi liberado antes da ocorrência ser apresentada na delegacia, o
que livrou Fernando de uma prisão em flagrante.
As testemunhas também não foram levadas para a delegacia, o que dificultou a
compreensão dos fatos.
A defesa do motorista esteve presente na delegacia, à espera de que uma
testemunha, apresentada por ela, seja ouvida. "Ela estava no local? Eu não
posso falar isso, ele mesmo que vai falar. No dia que a testemunha for ouvida,
ela vai ser perguntada, se estava lá, o que presenciou, essas são as perguntas
de praxe para qualquer testemunha", disse a advogada.
Para evitar a prisão, a defesa entrou com um habeas corpus preventivo no
Tribunal do Júri. Os advogados criticaram a decisão da polícia, que pretende
pedir a prisão preventiva do motorista ao final da investigação. No recurso, os
defensores apontam um "justiçamento" e uma "sanha punitiva".
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