A mais nova edição da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor
(Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC), mostra que, em março, 78,1%
das famílias brasileiras tinham dívidas a vencer, entre cartão de crédito,
cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque
pré-datado e prestações de carro e casa.
O resultado é 0,2 ponto percentual (p.p.) maior que o de fevereiro. Por
outro lado, em comparação com março do ano passado, teve queda de 0,2 p.p. Os
números da Peic foram divulgados nesta quinta-feira (4).
Segundo o presidente da CNC, "o momento mais favorável dos juros, com
menor custo, tem contribuído para uma maior demanda das famílias por crédito,
sobretudo, parcelado". No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom)
reduziu a taxa básica de juros, a Selic, para 10,75% ao ano.
A nova edição da Peic mostra que o percentual de pessoas que se
consideraram "muito endividadas" ficou em 16,8% em março, o que representa uma
alta de 0,1 p.p. frente ao registrado em fevereiro. O número estava em queda há
quatro meses. Entretanto, cresceu no último mês também o percentual das
famílias "pouco endividadas"; foi uma alta de 0,2 p.p., indo a 32,3%.
A quantidade de famílias com dívidas atrasadas subiu após cinco meses em
queda: 28,6% em março, o que representa uma alta de 0,5 p.p. ante o resultado
de fevereiro. Em comparação com o observado no terceiro mês de 2023, porém,
caiu 0,8 p.p.
O percentual de famílias brasileiras que disseram que não teriam
condições de pagar as dívidas atrasadas ficou em 12%, ante 11,9% do mês
anterior e 11,5% de março de 2023.
A Peic é apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio
desde janeiro de 2010. Segundo a entidade, "os dados são coletados em todas as
capitais dos estados e no Distrito Federal, com aproximadamente 18 mil
consumidores".
Endividamento foi puxado por grupo de
menor renda
Dentre as famílias de baixa renda (até três salários mínimos), 79,7% estavam
endividadas em março último, ante 79,2% de fevereiro e 78,9% do terceiro mês do
ano passado. Os outros grupos apresentaram redução ou estabilidade no
percentual.
A quantidade de famílias de baixa renda inadimplentes ficou em 36,4%,
ante 35,8% de fevereiro e 36,9% de março de 2023. O percentual daquelas que não
teriam condições de pagar dívidas atrasadas caiu, para 15,9%; era de 16,1% no
mês anterior e de 16,4% em março do ano passado.
Dívidas no cartão de crédito
A pesquisa mostra ainda que o cartão de crédito representou 86,% dos envidados
em março, uma alta de 0,8 p.p. ante o resultado do mesmo mês no ano passado e
estável frente ao registrado em fevereiro de 2024.
Endividamento por gênero
O endividamento teve alta de 0,3 p.p. no público masculino, em relação a
fevereiro, e de 0,2 p.p. entre as mulheres, ficando em 77,5% e 79%,
respectivamente.
Em comparação com março de 2023, o endividamento entre as mulheres teve
queda de 0,7 p.p., e o endividamento entre os homens subiu 0,4 p.p.
Desenrola
O governo federal prorrogou o Desenrola Brasil, programa de renegociação de
dívidas, por mais 50 dias, até 20 de maio. A decisão foi publicada no Diário
Oficial da União (DOU) em 28 de março. O novo prazo beneficia a Faixa 1,
destinada a pessoas físicas inadimplentes que ganham até dois salários mínimos
ou inscritas no CadÚnico e a dívidas de no máximo R$ 20 mil.
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