O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, disse que o
governo poderá ter "problemas" caso não haja medidas compensatórias para as
desonerações concedidas pelo Congresso Nacional no ano passado. Na avaliação
dele, a situação das contas públicas "realmente não está boa".
Barreirinhas fez os comentários na Comissão de Fiscalização e Controle
da Câmara dos Deputados na manhã desta terça-feira (26).
O secretário comentou sobre o relatório bimestral de avaliação de
Receitas e Despesas, divulgado na última sexta-feira (22). Segundo ele, apesar
da publicação estar em linha com a meta fiscal, ainda não dá para ser "muito
otimista".
O secretário destacou que parte das estimativas de receitas com as
medidas aprovadas pelo Congresso no ano passado foram zeradas no relatório,
pois o bimestral é "um retrato do momento", e parte das medidas não foram
contabilizadas porque ainda estão em debate no Legislativo, como os R$ 12
bilhões da desoneração da folha de pagamento.
Outras medidas, como o impacto total do Perse foi considerada apenas em
parte, pois o tema também está em debate. Ele explicou que, do programa, consta
no relatório o impacto de R$ 8 bilhões do benefício, concedido até o começo do
ano.
De acordo com ele, havia uma economia estimada em R$ 6 bilhões com o fim
do benefício por conta da medida provisória (MP) 1202, enviada no fim do ano
passado.
Assim, Barreirinhas estima que, mesmo com a aprovação 100% da proposta,
o impacto será de R$ 8 bilhões, que consta no relatório. Se não aprovar, o
rombo sobe para R$ 14 bilhões.
O secretário seguiu explicando que a renúncia fiscal com o benefício da
folha previdenciária aos municípios também não está calculada. A correção da
tabela do imposto de renda também não entrou na conta e, atualmente, tem
impacto de R$ 3 bilhões. O programa Mover também adiciona mais de R$ 3 bilhões
em renúncias.
"A gente ainda tem bastante coisa para compensar. O debate está sendo
muito produtivo no Congresso, o Congresso entendeu que precisa encontrar uma
medida compensatória. Mas, não tem como só com aumento do esforço fiscal a
gente cobrir esse buraco", afirmou, acrescentando que a pasta já pensa em
outras alternativas, mas sem especificar quais.
Barreirinhas seguiu dizendo que, ao todo, são estimados R$ 24 bilhões de
impacto nas contas públicas e que simboliza um "risco alto" e, sem medidas
compensatórias, o governo terá "problemas".
"A gente mantém o equilíbrio desde que, folha de pagamento, Perse,
municípios, todas essas medidas tenham medidas compensatórias. O Congresso é
soberano, a gente vai cumprir, mas, para atingirmos nossas metas, tem que ter
medida compensatória para tudo isso", pontuou.
"Aumentamos a força do Estado brasileiro em ir atrás de pessoas que não
estão pagando tributos, mas essas pessoas não param, e abrem outros caminhos. E
uma hora vamos bater (na porta) do Congresso novamente. Estamos pensando em
outras medidas que democraticamente vamos apresentar".
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