Fontes da Polícia Federal (PF)
afirmam que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL), corre risco de perder benefícios da delação premiada.
A medida seria tomada após a revelação de áudios pela revista Veja
em que o militar supostamente tece críticas à forma como a PF conduziu seu
interrogatório e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes, que preside o inquérito que investiga uma possível tentativa de golpe
de Estado.
A PF vai apurar as informações publicadas pela revista e verificar
a autenticidade dos áudios atribuídos a Mauro Cid. Contudo, segundo os
investigadores que apuram a participação de tenente-coronel na suposta trama, a
PF não tem pressa.
Se comprovadas as alegações feitas pelo oficial, ele pode até
perder as vantagens provenientes do acordo de delação feito com a Justiça.
"Queriam que eu falasse coisa
que eu não sei"
Os áudios publicados pela Veja indicam que Mauro Cid teria
afirmado a um interlocutor que os policiais, ao interrogá-lo, queriam que ele
falasse coisas que não aconteceram.
"Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei,
que não aconteceu", teria dito Mauro Cid em uma mensagem de áudio enviada, segundo a
revista, a um amigo.
A conversa, afirma a revista, teria durado mais de uma hora. "Eles
estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só
que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu?", teria dito o militar ao
amigo.
"Sentença pronta"
Sobre Alexandre de Moraes, a Veja informou que Cid fez uma série
de considerações sobre a condução do processo. "O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta",
teria afirmado.
Os áudios teriam sido gravados após o último depoimento de Cid à
PF, em 11 de março.
Cid é considerado uma das principais peças da apuração sobre a
possível tentativa de golpe encabeçada por Bolsonaro, integrantes de seu
governo e aliados. O STF homologou o acordo de delação do ex-ajudante de ordens
em 9 de setembro de 2023.
Como a delação está em andamento, o STF mantém sob sigilo o
acordo. Cid já prestou sete depoimentos à PF. O último durou aproximadamente
oito horas.
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