O comunicado divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central (BC), nesta quarta-feira (20/3), manteve a previsão de mais um
corte da taxa básica de juros do país, a Selic, na próxima reunião do órgão,
entre 7 e 8 de maio. Ele seria, mantidas as atuais condições do cenário
econômico, de 0,5 ponto percentual. Mas não cita novas quedas a partir daí,
como vinha fazendo nas notas anteriores.
Nesta quarta, o Copom anunciou a redução de 0,5 ponto percentual da
taxa, que foi fixada em 10,75% ao ano. O valor do corte já era esperado, mas
pairava sobre o mercado a dúvida sobre se a sequência seria mantida e, se sim,
em qual patamar.
Nos últimos comunicados do BC, sempre emitidos depois das reuniões do
Copom, o texto mencionava: "(
) Os membros do Comitê, unanimemente, anteveem
redução [da Selic] de mesma magnitude [0,5 ponto percentual] nas próximas
reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política
monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário".
Esse trecho está presente nas notas do Copom desde o início do ciclo de
baixa da Selic, em agosto de 2023. Ele foi mantido nesta quarta-feira, mas com
uma alteração substancial. Agora, ficou assim: "Em função da elevação da
incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da
política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar
que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude
na próxima reunião".
Ou seja, além das ressalvas, o trecho passou do plural "próximas
reuniões" para o singular "próxima reunião".
Na avaliação de Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da
AVG Capital, a dúvida existente no mercado sobre a manutenção do trecho era
resultado do comportamento recente da inflação, em particular no setor de
serviços. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a
inflação oficial no Brasil, acelerou em fevereiro e ficou em 0,83%. A
expectativa mediana do mercado era de um avanço de 0,79%.
Assim, os analistas consideram que, na próxima reunião do Copom, entre 7
e 8 de maio, se mantidas as condições atuais do cenário econômico, a Selic vai
ceder a 10,25%. As projeções captadas pela pesquisa semanal realizada pelo BC
com analistas de mercado, o Relatório Focus, indicam que a taxa básica
terminará este ano em 9%.
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