O ex-presidente Donald Trump planeja retomar com força suas ações contra a imigração caso vença as eleições de 2024 e volte a comandar os Estados Unidos, mostra reportagem do jornal The New York Times.
Os planos debatidos por Trump incluem deportar milhões de imigrantes que estejam vivendo de modo irregular no país, criar grandes campos de detenção para que essas pessoas esperem a deportação e dificultar a vinda de novos estrangeiros em busca de asilo.
"Seguindo o modelo de Eisenhower, vamos fazer a maior operação de deportação da história", disse Trump em um comício em Iowa, em setembro. Ele se referia à uma ação de 1954, criada para expulsar mexicanos.
Na reportagem, o New York Times ouviu aliados de Trump que trabalharam com ele em seu governo e o ajudam a montar planos para um possível novo mandato.
As ideias de Trump incluem fazer operações de busca no país em busca de imigrantes em situação e irregular e deportá-lo de modo expresso, sem espaço para que eles possam apelar na Justiça, como ocorre hoje.
Estrangeiros que estão no país com autorização temporária por razões humanitárias, como afegãos que fugiram do Talibã em 2021, também seriam expulsos.
Para impedir a vinda de mais imigrantes, Trump planeja retomar um veto à entrada de pessoas vindas de alguns países, como de maioria muçulmana, e regras para impedir a entrada nas fronteiras com base em questões de saúde. Durante a pandemia, seu governo passou a negar pedidos de entrada no país alegando risco de contágio pela Covid. Agora, a ideia seria usar o risco de outras doenças, como a tuberculose.
Outra possibilidade em estudo, segundo a reportagem, é negar vistos para estudantes estrangeiros que participaram de protestos anti-Israel ou pró-palestina. Trump também planeja retirar o direito de cidadania dado a bebês que nascem em solo americano e sejam filhos de pais sem documentos americanos
"Ativistas que duvidem da certeza do presidente Trump em agir estão cometendo um erro drástico: Trump usará o vasto arsenal de poderes federais para implantar a mais espetacular repressão à migração", disse Stephen Miller, que atuou no governo do republicano, ao jornal.
No primeiro mandato, de 2017 a 2021, Trump teve várias medidas anti-imigração barradas na Justiça depois de alguns meses. Desta vez, ele pretende se blindar melhor contra isso, e a maior presença de juízes conservadores em tribunais federais e na Suprema Corte podem reduzir os entraves.
Outro ponto que dificultou a realização de medidas radicais foi que vários dos funcionários do governo federal se recusaram a implantar suas ideias, e agiram para sabotá-las ou retardar sua aplicação. Desta vez, Trump quer ter nomes ainda mais leais a ele em cargos-chave, para evitar insubordinações.
O combate aos imigrantes foi uma das bandeiras que levaram Trump à Presidência em 2016. Muitos americanos que votam nele consideram que a vinda de estrangeiros é uma das razões para o que veem como um declínio do país e para a falta de empregos de qualidade.
No entanto, os EUA passaram por um processo de desindustrialização em várias partes do país, pois fábricas foram para o exterior para pagar salários menores. Imigrantes, muitas vezes, acabam fazendo serviços de baixa remuneração, como limpeza e preparo de comida, que não atraem americanos. Com menos imigrantes disponíveis para trabalhar, alguns setores da economia teriam problemas. O desemprego está baixo, em 3,9%, o que reduz a oferta de mão-de-obra disponível.
Com a pandemia, no entanto, muitos países latino-americanos tiveram crises econômicas, o que aumentou o volume de pessoas que tentam entrar nos Estados Unidos de modo irregular em busca de trabalho. Cenas de multidões se aglomerando na fronteira viraram um problema para o governo do presidente Joe Biden, que defende mais direitos aos imigrantes e suspendeu algumas das medidas de restrição adotadas por Trump.
As eleições presidenciais de 2024 estão marcadas para novembro. Trump, que enfrenta vários processos na Justiça, é favorito nas pesquisas para obter a indicação de seu partido para disputar o pleito. Biden, que busca a reeleição, é o mais cotado para obter a nomeação democrata. Com isso, os dois devem repetir no ano que vem a disputa que tiveram em 2020, vencida por Biden.
Créditos: Exame