O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta terça-feira (3) que a companhia avalia a possibilidade de fazer um novo reajuste nos preços dos combustíveis até o final deste ano, em meio ao cenário de pressão das cotações do petróleo no mercado internacional.
Ele disse, contudo, que ainda não há uma decisão tomada sobre o momento e a magnitude da eventual mudança dos preços nas refinarias. A Petrobras anunciou em meados de agosto o reajuste mais recente da gasolina e do óleo diesel.
"Estamos analisando justamente a possibilidade ou não de outro reajuste antes do final do ano, mas a gente ainda não tem isso como dado. Não tem isso como concreto", afirmou Prates em entrevista a jornalistas no Rio de Janeiro.
"O que temos como concreto é que a nossa política de preços, daquele túnel de volatilidade, que tem o intervalo entre o valor marginal e o custo alternativo do cliente, está funcionando. Já tivemos inúmeras oscilações, não só do preço do Brent como do preço do diesel", acrescentou.
Prates conversou com a imprensa após discursar em uma cerimônia que celebrou o aniversário de 70 anos da Petrobras. O evento homenageou funcionários e ex-empregados da empresa.
Nesta terça, o óleo diesel vendido nos polos da Petrobras apresentava defasagem de 16% (ou R$ 0,74 por litro) em relação às cotações no mercado internacional, segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). No caso da gasolina, a diferença era de 4% (ou R$ 0,11).
"Estamos no mercado com uma espécie de tempestade perfeita, e a gente tem de administrar, quanto tempo vai durar, quanto a gente tem de colchão para aguentar essa volatilidade [dos preços internacionais]", disse.
No governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Petrobras abandonou o modelo de PPI (preço de paridade de importação), que definia reajustes da gasolina e do diesel com base em simulações sobre o custo de importação dos produtos. A atual política deixa de considerar o custo de importação e mira a busca por clientes e o custo de oportunidade de venda dos produtos.
Criada na era Getúlio Vargas, a Petrobras chega aos 70 anos como a maior estatal brasileira e uma das maiores produtoras de petróleo do mundo. A companhia, contudo, tem um cenário de desafios pela frente, como mostrou a Folha. Esse horizonte inclui o atraso na corrida rumo à transição energética e as restrições para expandir as reservas de petróleo.
A principal aposta da Petrobras está nas bacias da margem Equatorial brasileira, alvo de embate com a área ambiental do governo: 2 dos 3 pedidos de licença para região já tiveram pareceres negativos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).
Nesta segunda-feira (2), o Ibama autorizou a perfuração de poços na Bacia Potiguar, uma das cinco da Margem equatorial, mas ainda é grande a resistência para liberar a atividade em áreas consideradas mais promissoras, como as bacias da Foz do Amazonas e Barreirinhas.
Prates disse nesta terça que o Ibama vai "dar o ritmo" para a fila de licenças buscadas pela Petrobras. "Faz parte das licitudes de uma empresa de exploração enfrentar, não no sentido bélico, a situação de licenciamento ambiental de forma correta, responsável, demorando o tempo que tiver de demorar", afirmou.
"Evidentemente, não faz sentido ficar pressionando nem dizer que o Ibama está impedindo isso ou aquilo. Eles estão fazendo o que tem de fazer", acrescentou.
Leonardo Vieceli, Folhapress