O objetivo do estudo é conhecer o perfil dos indivĂduos mais vulnerĂĄveis a esse tipo de transtorno do corpo para subsidiar estratégias preventivas e de promoção da saĂșde.
"Essas caracterĂsticas não necessariamente se acumulam formando um perfil, mas podem ser encontradas em um Ășnico sujeito. Ademais, o estudo também identificou que a avaliação fĂsica negativa foi correlacionada positivamente com o percentual de gordura corporal e negativamente correlacionada com a quantidade de massa muscular; ou seja, uma pessoa com maior quantidade de gordura e menor de massa magra pode ter maior sensação de que seu corpo serĂĄ avaliado negativamente por outras pessoas", disse o professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) e coautor do artigo Wanderson Roberto da Silva.O estudo foi desenvolvido por pesquisadores brasileiros da Unifal e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Instituto UniversitĂĄrio de CiĂȘncias Psicológicas, Sociais e da Vida (Ispa), de Portugal e recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que aplicaram dois questionĂĄrios a 1.750 voluntĂĄrios. Foi avaliada a relação entre "atenção à forma corporal", "ansiedade fĂsica social" e "caracterĂsticas pessoais dos participantes", e o que se descobriu foi que, quanto mais os indivĂduos dão atenção à forma corporal, mais propensos são a esperar uma avaliação negativa de sua forma fĂsica e tendem a estar menos confortĂĄveis com a apresentação fĂsica do corpo.
A pesquisa identificou também que aqueles que estão mais confortĂĄveis com o próprio corpo são os mais velhos, do sexo masculino, sem sobrepeso ou obesidade, que não usam substâncias farmacológicas para modificar a forma corporal, não fazem dietas restritivas e praticam atividade fĂsica, além da autoavaliação da qualidade da alimentação positiva.
"Nós identificamos que, quanto mais os participantes deram atenção à forma corporal, maiores foram suas expectativas de avaliação fĂsica negativa e menor a sensação de conforto quando da apresentação fĂsica do corpo. Em termos prĂĄticos, isso sugere que, quando as pessoas dão muita importância à imagem que tĂȘm do próprio corpo, podem interpretar as formas assimétricas, que são normais do corpo humano, como inadequadas e, consequentemente, experienciar sensações negativas, tais como sentimentos de angĂșstia e sofrimento diante de uma ocasião pĂșblica, como um evento, praia, academia, devido ao receio de alguém notar as então consideradas imperfeições", explicou Silva.
Segundo o professor, os resultados do estudo são uma oportunidade de alertar sobre a importância dos transtornos relacionados à imagem corporal e alimentação, como o transtorno dismórfico corporal, a anorexia nervosa, a bulimia nervosa, o que é bastante importante, pois tais transtornos usualmente são negligenciados, talvez pelo fato de as taxas de diagnóstico não serem elevadas em comparação com outras doenças, como obesidade, diabetes, hipertensão e dislipidemias.
"Apesar disso, o trabalho desenvolvido por mim junto aos meus colegas visou alertar que existem caracterĂsticas individuais que sugerem maior vulnerabilidade à imagem corporal negativa e alimentação transtornada levando a comportamentos insalubres", acrescentou.
De acordo com Silva, diante disso, uma sugestão seria usar essas caracterĂsticas para promover ações assertivas de prevenção de doenças e promoção da saĂșde na população, seja em contexto coletivo ou individual. "Tais ações podem ser impulsionadas tanto pelo setor pĂșblico com campanhas direcionadas aos grupos mais vulnerĂĄveis, quanto por profissionais da saĂșde que realizam atendimento nutricional ou psicológico visando auxiliar no manejo de comportamento humano saudĂĄvel", finalizou.
Fonte: AgĂȘncia Brasil