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Estudo aponta aumento de suicídio entre jovens indígenas no AM e no MS

Por Eliashacker.com.br 25/09/2023 às 16:51:25

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade de Harvard realizaram o primeiro estudo nacional que avalia o suicĂ­dio entre indĂ­genas e não indĂ­genas no Brasil. O estudo avaliou taxas de suicĂ­dio durante o perĂ­odo de 2000 a 2020 e mostrou um risco desproporcionalmente maior em indĂ­genas, principalmente naqueles entre 10 e 24 anos de idade. As regiões Norte e Centro-Oeste foram as que apresentaram maior risco de suicĂ­dio, principalmente nos estados do Amazonas e Mato Grosso do Sul.

O estudo foi publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas. A pesquisa aborda nuances sobre esse grave e negligenciado problema de saĂșde pĂșblica em pleno Setembro Amarelo, mĂȘs dedicado à prevenção do suicĂ­dio no Brasil, conforme destaca um dos coautores do estudo, o epidemiologista Jesem Orellana, chefe do Laboratório de Modelagem em EstatĂ­stica, Geoprocessamento e Epidemiologia do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia).

As anĂĄlises foram efetuadas a partir do banco de dados oficial de mortalidade do Ministério da SaĂșde e teve como objetivo estimar taxas de suicĂ­dio e suas tendĂȘncias entre indĂ­genas e não indĂ­genas no Brasil. No artigo intitulado SuicĂ­dio entre povos indĂ­genas no Brasil de 2000 a 2020: um estudo descritivo (Suicide among Indigenous peoples in Brazil from 2000 to 2020: a descriptive study, no original em inglĂȘs), os pesquisadores fizeram uma anĂĄlise sobre o comportamento das taxas de suicĂ­dio entre indĂ­genas no Brasil.

De acordo com o pesquisador, de forma geral, as taxas de suicĂ­dio em indĂ­genas foram maiores em homens e indivĂ­duos entre 10 e 24 anos de idade.

"Em homens de regiões como a Centro-Oeste e Norte, essas taxas chegaram a alcançar 73,75 e 52,05 por 100 mil habitantes, em 2018 e 2017, respectivamente. Em indivĂ­duos de 10-24 anos da Região Norte, o grupo etĂĄrio de maior risco para o suicĂ­dio indĂ­gena, essas taxas aumentaram substancialmente de 2013 em diante, contrariando o padrão de queda observado na região Centro-Oeste. Este é um diferencial importante, em comparação ao grupo de maior risco na população geral do Brasil, pois o grupo etĂĄrio de indivĂ­duos com 60 anos e mais, historicamente, é o que apresenta maior risco de suicĂ­dio", explica em nota, Orellana.

O estudo também mostrou que, em nĂ­vel nacional, tanto as taxas de suicĂ­dio da população indĂ­gena brasileira quanto as taxas da população não indĂ­gena apresentaram tendĂȘncia de aumento de 2000 a 2020. "No entanto, esse padrão não pode ser generalizado, especialmente entre os indĂ­genas, pois estados como o do Amazonas, na região Norte, e Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste, parecem ser os responsĂĄveis pelas substanciais diferenças que se observa ao se comparar dados nacionais entre indĂ­genas e não-indĂ­genas", observa.

O pesquisador destaca que os resultados do estudo reforçam a extrema vulnerabilidade de indĂ­genas ao suicĂ­dio no Brasil, sobretudo homens, na faixa etĂĄria entre 10 e 24 anos e residentes nos estados do Amazonas e Mato Grosso do Sul, apontando para a necessidade de priorização na alocação de recursos financeiros e no planejamento de estratégias que visem a reduzir os fatores de risco associados ao suicĂ­dio, especialmente a desigualdade social e o limitado acesso a cuidados de saĂșde mental.

"Precisamos encarar o suicĂ­dio indĂ­gena como um grave e invisibilizado problema de saĂșde pĂșblica, o qual pode ser influenciado por uma gama de peculiaridades contextuais e culturais, como conflitos territoriais, crises sanitĂĄrias, racismo estrutural, bem como questões de ordem econômica, polĂ­tica e psicológica", alerta. Orellana.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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