Não existe, por lei, um limite mĂĄximo para o aumento do custo das escolas particulares, de acordo com a Lei 9.870/1999, mas as escolas devem justificar os aumentos aos pais e responsĂĄveis em planilha de custo, mesmo quando essa variação resulte da introdução de aprimoramentos no processo didĂĄtico-pedagógico.
"Apesar de causar estranheza o reajuste ser maior que a inflação, isso é natural, por conta da lógica do reajuste, que prevĂȘ tanto o reajuste inflacionĂĄrio quanto o nĂvel de investimento que escola fez ao longo do ano", explica o sócio-fundador do Melhor Escola, Sergio Andrade.Segundo Andrade, o paĂs entra agora em uma fase de maior normalidade, após o perĂodo de pandemia, que refletiu nos custos. "Estamos saindo de um evento disruptivo, que foi a pandemia. É natural que o nĂvel de investimento varie mais do que em um contexto mais estĂĄvel de mercado", disse.
No reajuste das mensalidades escolares são levados em consideração Ăndices inflacionĂĄrios como o Ăndice de Preços no Consumidor (IPCA) e o Ăndice Geral de Preços - Mercado (IGP-M). Além disso, considera-se os acordos salariais firmados com os sindicatos e os reajustes salariais tanto para os professores quanto para os demais funcionĂĄrios, além dos investimentos feitos nas instituições de ensino.
Com base nesses e em outros dados, como a expectativa de estudantes matriculados, estabelece-se o valor da anuidade, que não pode ser alterado ao longo de todo o ano letivo.
De acordo com o presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Antônio EugĂȘnio Cunha, os reajustes são diferentes e variam de escola para escola porque os contextos são diferentes. "Importante esclarecer ao pĂșblico que não tem nenhum nĂșmero mĂĄgico. Cada escola tem identidade própria, cada uma tem estrutura funcionando de maneira diferente da outra. Algumas ocupam espaços fĂsicos alugados, outras, próprios. Espaços maiores ou menores. O nĂșmero de salas de aula e de alunos são diferentes, os equipamentos são diferentes, portanto, os custos operacionais são diferentes", explica.
Cunha lembra que as escolas devem estar prontas para explicar às famĂlias os custos que serão entregues e que hĂĄ flexibilidade e diferentes formas de cobrança. "Cada escola tem um plano, porque a gente sempre trabalha olhando a sustentabilidade do negócio e o atendimento às famĂlias. As escolas oferecem planos diferentes, tem escola que divide em 13 parcelas, tem escola que se tem mais de um familiar matriculado, dĂĄ desconto, tem a que dĂĄ desconto para grupo de famĂlias, cada uma tem estratégia. É natural que o pai do aluno vĂĄ à escola, converse com os diretores para que possam entender o processo e como podem alcançar algum benefĂcio".
Segundo orientações do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o fato de não existir um valor mĂĄximo para o reajuste da mensalidade não impede de se contestar o aumento. A orientação é para que os consumidores contestem caso considerem os reajustes abusivos.
"As escolas particulares e as faculdades tĂȘm que justificar o reajuste, tĂȘm que apresentar publicamente para o aluno e para a comunidade escolar uma planilha com o aumento da despesa. Não pode reajustar para ter mais lucro, tem que mostrar que teve aumento proporcional a despesa", alerta o diretor de Relações Institucionais do Idec, Igor Britto.
O Idec aconselha que os responsĂĄveis tentem uma resolução amigĂĄvel. Podem também procurar entidades de defesa do consumidor, como o Procon, autarquia de proteção e defesa do consumidor. "Caso sejam lesados, podem procurar o Procon. JĂĄ hĂĄ no Brasil todo uma rotina de notificar a escola ou faculdade a apresentar sua planilha que, por lei, são obrigadas a apresentar".
Fonte: AgĂȘncia Brasil