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Cursos populares para concurso público podem despertar para política

Por Eliashacker.com.br 18/08/2023 às 11:42:55

Com a retomada da aposta do governo federal no funcionalismo pĂșblico, houve melhora no ânimo dos concurseiros, termo cunhado para designar quem persegue o sonho de se tornar servidor pĂșblico. Nos Ășltimos meses, foram anunciadas diversas oportunidades, o que faz com que as pessoas que desejam a aprovação comecem a planejar os estudos ou reforcem a memorização dos conteĂșdos que precisam ter na ponta da lĂ­ngua.

Dar conta de conteĂșdo e ter controle sobre as emoções significam um caminho que parte dos concurseiros prefere encarar na companhia de outras pessoas que passam pela mesma etapa e compreendem as pressões que vivenciam.

Em alguns casos, quando se entende que se estĂĄ em desvantagem quanto aos demais candidatos e não se tem condições de pagar um cursinho preparatório, o jeito é procurar um cursinho popular. E, embora o propósito seja absorver conteĂșdos, a experiĂȘncia pode ir além e adentrar o campo da polĂ­tica.

O cursinho popular Ivone Lara, em Itaquera, em São Paulo, é pensado para atender candidatas que prestam concurso nas ĂĄreas de serviço social e psicologia. Alline Evelyn Santos, que integra o grupo de professores, dĂĄ aulas lĂĄ e comenta que migrou para o cursinho voltado a concursos depois de lecionar em outro, que tinha como alunos pessoas que se preparavam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Nós vamos receber também pessoas da Pedagogia nesse segundo semestre", ressalta Alline.

Rotina de estudos

Em geral, os concurseiros adotam uma rotina de horas de estudo, virando até a madrugada lendo livros, apostilas, anotações e esquemas de memorização. HĂĄ quem abandone o emprego para se dedicar exclusivamente aos estudos.

Embora existam concursos que exijam mais, como o do Instituto Rio Branco, de ingresso na carreira diplomĂĄtica do Ministério das Relações Exteriores, decorar e assimilar conteĂșdo é um desafio. Para muitas pessoas, uma prova pode ser a Ășnica chance que tem em um bom tempo para progredir na vida e envolve, muitas vezes, até viagem ao local do teste, jĂĄ que se mora em outra localidade, o que indica todo um planejamento, inclusive com gastos.

Aluna do Ivone Lara, a assistente social Raquel Fernandes mora no Itaim Paulista, na zona leste da capital paulista, e se formou em 2016. Atualmente, trabalha em sua ĂĄrea, em uma instituição que tem convĂȘnio com a prefeitura municipal. Ela entrou no cursinho hĂĄ um ano e meio por indicação de um amigo.

Duas vezes por semana, ela vai às aulas no cursinho. Um dos dias é reservado para aulas de matemĂĄtica e lĂ­ngua portuguesa e o outro para conhecimentos especĂ­ficos de sua ĂĄrea de atuação. "Eventualmente, o cursinho também tem os ciclos formativos, que são aulas abertas para a população que queira participar. São temas também voltados à ĂĄrea de serviço social, que são também importantes para a gente debater enquanto coletivo, sociedade", ressalta.

Devido à carga de trabalho de seu expediente, Raquel busca se organizar e conciliar a vida pessoal e profissional com os estudos para concurso. Por isso, tenta guardar, no mĂ­nimo, trĂȘs horas semanais para colocar o conteĂșdo em dia, pelas manhãs ou nos fins de semana, quando também descansa do trabalho.

"Entrei no cursinho com o pensamento de que eu iria só estudar para concurso pĂșblico. Hoje tenho uma outra visão do que ele é. LĂĄ, além da formação continuada, a gente tem a troca de conhecimentos, tenta levar à população temas importantes, como o combate ao racismo, o combate à LGBTQIfobia. A gente busca ocupar espaços para levar o nome do nosso cursinho e o que a gente realiza lĂĄ", afirma. "Toda a construção [do cursinho] é feita no coletivo", finaliza.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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