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Marketing do crime promove facções com vídeos nas redes sociais

Ao Portal T5, professora Luziana Ramalho criticou a mĂ­dia que propaga e lucra com a violĂȘncia

Por Redação 18/08/2023 às 11:15:07

Uma onda de violĂȘncia vem assustando moradores de cidades da Região Metropolitana de João Pessoa nos últimos dias. Nove crimes violentos em Cabedelo, Santa Rita, Bayeux e na capital paraibana foram registrados entre a manhã de terça (15) e esta sexta-feira (18). Dar visibilidade a esses casos é um dever do jornalismo, desde que o objetivo seja cobrar das autoridades de segurança medidas efetivas contra esse cenĂĄrio.

E essa não é uma responsabilidade apenas do profissional de imprensa, sobretudo em tempos de redes sociais. Mas é preciso ter consciĂȘncia da responsabilidade social que se assume ao divulgar ou compartilhar casos de violĂȘncia, especialmente quando hĂĄ imagens dos crimes.

Em Cabedelo, antes de serem mortas, duas das quatro vítimas foram obrigadas a gravar vídeos explicando o porquĂȘ seriam assassinadas. As imagens foram divulgadas nas redes sociais e amplamente compartilhadas, inclusive pela imprensa. Porém, a decisão de dar visibilidade a essa prĂĄtica vem acompanhada de riscos, segundo a professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e especialista em Segurança Pública Luziana Ramalho.

Ao Portal T5, a professora explicou que publicizar esses vídeos de justiçamento fortalece e dĂĄ visibilidade à facção, por isso o correto é não divulgar. "Como qualquer outro empreendimento, o crime também se utiliza da propaganda para se projetar socialmente", disse.

A especialista ainda pontuou que a mídia e a sociedade devem buscar construir uma cultura de paz, evitando propagar e lucrar com a violĂȘncia. "A divulgação de cenas de violĂȘncia pode ser enquadrada em crime de apologia ou incitação conforme nossa lei. O problema é que hĂĄ uma forte banalização da violĂȘncia nossa sociedade e, obviamente, isso se propaga em todos os segmentos", explicou.

"Perdemos cada vez mais o pudor de nos chocar com cenas de atrocidades. A lógica do "quanto pior, melhor" tem nos tornado feras, que consomem e praticam a destruição"

Para Luziana, a apologia ao armamento e à prĂĄtica de justiçamento no Brasil colocou a população em uma "guerra civil". E esse cenĂĄrio torna a sociedade, cada vez mais, "indiferente àqueles para os quais a morte do outro é só uma morte necessĂĄria, coisa entre bandidos".

Crise de autoridade

A escalada de crimes violentos nesta semana em cidades da Grande João Pessoa apontam para uma crise de autoridade do Estado, segundo a professora Luziana Ramalho, e que atinge as trĂȘs esferas do Poder. Para a especialista, a crise envolve a eficĂĄcia e eficiĂȘncia da gestão das políticas públicas, especialmente às voltadas à segurança.

"Desde a década de 1970 jĂĄ se sabia da expansão e consolidação do crime voltado ao trĂĄfico de drogas e formação de grupos armados. O sequestro de comunidades pobres por traficantes e milícias é um fato social que ninguém desconhece. Contudo, na mesma proporção do conhecimento, hĂĄ a contradição da expansão e fortalecimento", pontuou.


Fonte: Portal T5

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