O Google está desenvolvendo ferramentas habilitadas para inteligência artificial para ajudar os jornalistas a pesquisar e escrever artigos de notícias, um desenvolvimento que provavelmente vai abalar os nervos da indústria de mídia após anos de dolorosos cortes de empregos.
O Google está trabalhando com meios de comunicação, principalmente com pequenos editores, para fornecer ferramentas com inteligência artificial para ajudar os jornalistas com "opções para manchetes ou diferentes estilos de redação", disse a gigante da tecnologia da Califórnia na quinta-feira (20).
"Nosso objetivo é dar aos jornalistas a escolha de usar essas tecnologias emergentes de uma forma que melhore seu trabalho e produtividade, assim como estamos disponibilizando ferramentas assistivas para pessoas no Gmail e no Google Docs", disse Jenn Crider, porta-voz do Google, em um comunicado, que descreveu os "estágios iniciais de exploração de ideias" da empresa.
"Simplesmente, essas ferramentas não pretendem e não podem substituir o papel essencial que os jornalistas têm em reportar, criar e verificar os fatos de seus artigos."
O desenvolvimento de plataformas com inteligência artificial, como o ChatGPT, tem gerado um debate crescente sobre os riscos e benefícios dessa tecnologia. Embora surpreenda os usuários com sua capacidade de imitar a fala humana, também levanta preocupações sobre violação de direitos autorais, desinformação e substituição de trabalhadores humanos.
A indústria global de mídia tem enfrentado dificuldades com sucessivas rodadas de demissões, especialmente devido ao colapso das receitas de publicidade impressa. Nos EUA, as redações eliminaram um recorde de 17.436 empregos nos primeiros cinco meses de 2023.
O Google apresentou sua ferramenta chamada Genesis para organizações de notícias, incluindo o New York Times, o Washington Post e a News Corp, proprietária do Wall Street Journal. Alguns executivos de notícias descreveram a proposta do Google como "perturbadora", conforme citado no relatório do Times, que ouviu pessoas familiarizadas com o produto.
Embora algumas organizações de mídia tenham começado a utilizar a IA generativa, muitas redações ainda relutam em adotar essa tecnologia para coleta de notícias, devido a preocupações com precisão, plágio e direitos autorais.
Recentemente, a Associated Press anunciou uma parceria com a OpenAI, permitindo que o criador do ChatGPT utilize os arquivos da organização de notícias desde 1985 para treinar a IA. Essa colaboração reflete o crescente interesse das empresas de mídia em explorar o potencial da inteligência artificial para aprimorar e agilizar suas operações jornalísticas.
No entanto, esse avanço tecnológico também traz consigo desafios e dilemas éticos para a indústria de mídia. À medida que a IA se torna mais sofisticada, é fundamental encontrar um equilíbrio entre a eficiência proporcionada por essas ferramentas e a preservação dos padrões éticos e jornalísticos. O futuro do jornalismo e seu relacionamento com a inteligência artificial será moldado pelas decisões e abordagens adotadas pelas organizações de mídia ao explorar esse terreno em constante evolução.
créditos: Gazeta Brasil