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PrEP: tratamento preventivo é alternativa no combate ao HIV no Brasil

Por Eliashacker.com.br 09/07/2023 às 08:58:13

Arte/AgĂȘncia Brasil

Entenda

A PrEP, atualmente, é indicada para pessoas sexualmente ativas, não infectadas, mas com risco aumentado de exposição ao HIV, em diferentes contextos sociais. No Brasil, essas populações incluem profissionais do sexo, pessoas que usam drogas, gays, mulheres trans e travestis, além de casais sorodiscordantes (quando um parceiro é soropositivo e o outro não), como forma complementar de prevenção e para o planejamento reprodutivo.

Modalidades

No Brasil, existem duas modalidades de PrEP indicadas: diĂĄria: consiste na tomada diĂĄria dos comprimidos, de forma contĂ­nua, indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade ao HIV; sob demanda: consiste na tomada dos medicamentos somente quando a pessoa tiver uma possĂ­vel exposição de risco ao HIV. Deve ser utilizada com a tomada de dois comprimidos de duas a 24 horas antes da relação sexual, além de um comprimido 24 horas após a dose inicial de dois comprimidos e um novo comprimido 24 horas após a segunda dose.

A PrEP sob demanda é indicada para pessoas que tenham habitualmente relação sexual com frequĂȘncia menor do que duas vezes por semana e que consigam planejar quando a relação sexual irĂĄ ocorrer.

Cuidados

De acordo com o Ministério da SaĂșde, a PrEP só tem efeito protetor se o medicamento for utilizado conforme a orientação de um profissional de saĂșde. Caso contrĂĄrio, pode não haver concentração suficiente das substâncias ativas na corrente sanguĂ­nea do indivĂ­duo para bloquear o vĂ­rus.

Além disso, todos os tipos de profilaxia pré-exposição só devem ser prescritos para indivĂ­duos confirmados como HIV negativos. "Para a indicação do uso de qualquer terapia PrEP, deve-se excluir, clĂ­nica e laboratorialmente, o diagnóstico prévio de infecção pelo HIV", reforçou a agĂȘncia.

Quem pode usar

Ainda segundo a pasta, a PrEP é indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade para o HIV. Algumas situações que podem indicar o uso são: o indivĂ­duo frequentemente deixa de usar camisinha em suas relações sexuais (anais ou vaginais); o indivĂ­duo faz uso repetido de profilaxia pós-exposição (PEP); o indivĂ­duo apresenta histórico de episódios de infecções sexualmente transmissĂ­veis (IST).

Também são candidatos à PrEP indivĂ­duos inseridos em contextos de relações sexuais em troca de dinheiro, objetos de valor, drogas e moradia; indivĂ­duos que praticam chemsex (sexo sob a influĂȘncia de drogas psicoativas como metanfetaminas, GHB, cocaĂ­na e poppers) com a finalidade de melhorar e facilitar as experiĂȘncias sexuais.

Acesso

A orientação do ministério é que interessados em acessar a PrEP procurem um serviço de saĂșde e informem-se para saber se hĂĄ indicação. A lista dos serviços que ofertam a profilaxia pré-exposição pode ser acessada no site do Ministério da SaĂșde.

Proteção

Mulheres, pessoas trans ou não binĂĄrias designadas como sexo feminino ao nascer e qualquer pessoa em uso de hormônio a base de estradiol, que façam uso de PrEP oral diĂĄria, devem tomar o medicamento por pelo menos sete dias para atingir nĂ­veis de proteção ideais. Antes dos sete dias iniciais de introdução da PrEP, medidas adicionais de prevenção devem ser adotadas.

Homens, pessoas não binĂĄrias designadas como do sexo masculino ao nascer e travestis e mulheres transexuais – que não estejam em uso de hormônios à base de estradiol – e que usem PrEP, seja ela diĂĄria ou sob demanda, devem tomar uma dose de dois comprimidos de duas a 24 horas antes da relação sexual para alcançar nĂ­veis protetores do medicamento no organismo para relações sexuais anais.

"É fundamental a testagem regular, a investigação de sinais e sintomas para outras IST. A PrEP previne contra o HIV e permite o diagnóstico e tratamento de outras IST, interrompendo a cadeia de transmissão. O uso do preservativo previne do HIV e outras IST", alerta o ministério.

AnĂĄlise

Para o coordenador-geral da organização não governamental GTP+, Wladimir Cardoso Reis, a PrEP facilita a prevenção em meio a poucas opções. "Só tĂ­nhamos a camisinha como estratégia. Por isso, a PrEP estĂĄ sendo bem acolhida. A gente tem percebido isso entre casais hetero e bi, travestis, transsexuais e gays", disse, em entrevista à AgĂȘncia Brasil.

A entidade, sediada em Recife, atua por uma educação e saĂșde preventiva, cidadã e democrĂĄtica, transformando a realidade de pessoas que vivem com HIV. Em 20 anos de existĂȘncia, a ONG atendeu mais de 42 mil pessoas.

Um dos principais projetos da GTP+, o Mercadores de Ilusões, capacita profissionais do sexo como agentes multiplicadores. Dentre os temas tratados nas ruas da capital pernambucana estĂĄ justamente a PrEP.

Sobre o novo medicamento injetĂĄvel aprovado pela Anvisa, o coordenador-geral avalia que o antirretroviral, assim que incorporado ao SUS, deve facilitar o acesso e a adesão das pessoas à PrEP, uma vez que não haverĂĄ, por exemplo, a necessidade de deslocamento diĂĄrio para a tomada do remédio.

"Esse é um momento importante de a gente divulgar isso junto a populações com menos condições sociais e de ter serviços que atendam a essas populações e disponibilizem a PrEP. Afinal, vocĂȘ jĂĄ vai estar protegido antes mesmo de ter a relação sexual. Facilita muito".

"O paĂ­s inteiro precisa estar mobilizado, isso precisa ser divulgado cada vez mais. Divulgar entre os pares, entre as pessoas. Falar de sexo ainda é algo muito conservador no nosso paĂ­s. Quanto mais divulgada a PrEP, a implementação vai ser cada vez mais saudĂĄvel e presente na vida sexual do povo brasileiro", disse.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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