As ações da Natura afundam 28% por volta das 11h20 do pregão desta sexta-feira, 14, figurando como a maior queda da bolsa de valores hoje. Apesar de uma melhora na última linha do balanço reportado pela empresa antes do pregão – com prejuízo reduzindo em 83% – a companhia frustrou o mercado com alguns números da demonstração financeira, em especial as margens.
Analistas do BTG Pactual citam "números poluídos" dentro do resultado da Natura.
"A empresa reportou números poluídos no 4º trimestre devido à reconsolidação da Avon International (após a conclusão do procedimento de Chapter 11) – que ajustamos em nossa análise para fins de comparação. Excetuados os de Avon International, os números ficaram abaixo de nossas estimativas, principalmente devido a maiores despesas de Despesas de Vendas, Gerais e Administrativas no período e uma margem bruta menor", diz a casa.
Os analistas enxergaram com bons olhos as vendas da bandeira Natura no Brasil e na América Latina, mas, em contrapartida, a Avon na América Latina ainda está "lutando para reavivar as vendas", enquanto as despesas gerais e as administrativas se mostraram maiores do que o esperado.
O BTG tem recomendação neutra para NTCO3, com preço-alvo de R$ 18 – ao passo que os papéis negociam a cerca de R$ 9,80 em bolsa atualmente.
A XP vê o balanço da Natura mostrando um trimestre "conturbado e complexo", destacando que a lucratividade foi o grande ponto negativo.
"Após 7 trimestres de expansão de margem, a margem bruta caiu 20 pontos base devido a efeitos pontuais na Argentina (-0,5 p.p), enquanto a mistura de produtos (maior participação de presentes) e esforços comerciais táticos compensaram parcialmente uma melhor mistura de países e ganhos da Onda 2", diz a casa.
"A margem EBITDA ajustada caiu 2p.p devido à reclassificação de investimentos em TI de Capex para Opex (-1,6p.p), o que deve continuar no primeiro semestre de 2025, e os royalties da Avon (-0,5p.p), enquanto a pressão sobre despesas gerais e administrativas resultou de investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento e iniciativas omnichannel", completa.
A XP também tem preço-alvo de R$ 18 para as ações da Natura, todavia segue com recomendação de compra para os papéis.
O JP Morgan avalia que "os resultados da Natura não chegaram nem perto do que era esperado" olhando do ponto de vista operacional.
Segundo o Brazil Journal, um tema chave é uma potencial solução para a Avon Internacional. A empresa declarou que busca uma alternativa para o ativo, incluindo uma venda ou um investimento minoritário, mas não há visibilidade sobre quando esse processo será balizado.
A gestão da empresa, durante a teleconferência de resultado com analistas, associou os problemas de rentabilidade ao impacto da operação na Argentina. O CFO Guilherme Castellan não chegou a quantificar o tamanho desse impacto, mas disse que excluindo a Argentina, a expansão de margem bruta não teria sido igual a dos trimestres anteriores, mas sim "bastante substancial".
Natura foi praticamente "cortada pela metade" nos últimos 12 meses
A empresa amarga uma desvalorização de 47% no acumulado dos últimos 12 meses na bolsa de valores. O preço das ações é o menor em cerca de 10 anos, considerando o ajuste em dividendos.
Com a queda desta sexta, 14, o valor de mercado da Natura passa a ficar abaixo dos R$ 15 bilhões pela primeira
vez em uma década – perdendo R$ 5 bilhões de valuation em um só pregão.
agoranoticiasbrasil.com.br