Dois juízes da Suprema Corte do Irã foram mortos a tiros em Teerã, capital do país, neste sábado (18). Mohammad Moghiseh, de 68 anos, e Ali Razini, de 71, eram veteranos do Judiciário e conhecidos por condenar manifestantes, ativistas e artistas, em julgamentos considerados injustos por parte da comunidade internacional.
Segundo a agência estatal Mizan Online, um terceiro magistrado da Suprema Corte e um guarda-costas ficaram feridos no ataque. O responsável pelos disparos tentou fugir após os homicídios, mas, por fim, acabou tirando a própria vida. Não havia processos judiciais contra ele na Corte.
O lugar exato dos ataques ainda é incerto. Segundo reportado pela Associated Press, os juízes foram mortos em seus escritórios. Já a Mizan Online informou que os tiros ocorreram em frente ao prédio do Departamento de Justiça do país. Os crimes aconteceram por volta das 10h45 no horário local, 4h15 no horário de Brasília.
De acordo com relato do porta-voz do Judiciário, Asghar Jahangir, ainda não se sabe o que motivou os crimes, no entanto, ele relata que os magistrados conduziam casos de "segurança nacional, incluindo espionagem e terrorismo". Os juízes eram considerados Hodjatoleslam, um título dado a clérigos de médio escalão.
– No ano passado, o judiciário empreendeu grandes esforços para identificar espiões e grupos terroristas, uma medida que gerou raiva e ressentimento entre os inimigos – disse Jahangir.
Mohammad Moghiseh sofreu sanções por parte dos Estados Unidos, em 2019, e da União Europeia, em 2011, por conduzir "inúmeros julgamentos injustos", durante os quais evidências em favor dos suspeitos foram "desconsideradas", e as "acusações não foram comprovadas".
Entre algumas de suas polêmicas decisões, Mohammad indiciou cineastas por "propaganda contra o Estado", e usuários do Facebook a 127 anos de prisão por publicidade anti-regime.
Razini, por sua vez, era acusado de integrar o chamado Comitê da Morte, que resultou na morte de milhares de prisioneiros políticos no ano de 1988. O juíz em questão já havia sofrido uma tentativa de assassinato em 1999, quando uma bomba foi implantada em seu carro.
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