O volume de transações realizadas via Pix registrou, nos primeiros dias de janeiro de 2025, a maior queda já observada desde o lançamento do sistema de pagamentos instantâneos pelo Banco Central (BC), em novembro de 2020. Dados divulgados pelo jornal O Globo revelam que, entre os dias 4 e 10 de janeiro, foram realizadas 1,250 bilhão de transações, marcando uma retração de 10,9% em relação ao mesmo período de dezembro.
Essa desaceleração é a maior desde janeiro de 2022, quando houve uma queda de 7,5% no intervalo mensal. O fato chama atenção por ocorrer em uma época do mês em que o volume de transferências geralmente é elevado devido ao pagamento de salários.
Impactos de Normas da Receita Federal
O recuo ocorre em meio ao debate sobre o impacto de novas regras da Receita Federal, que ampliaram as exigências para o monitoramento de transações financeiras. A norma, válida desde 1º de janeiro, exige que instituições de pagamento, além de bancos, reportem movimentações mensais acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas. Anteriormente, os limites eram menores: R$ 2 mil e R$ 6 mil, respectivamente.
Embora a Receita Federal afirme que o objetivo da norma é combater grandes esquemas de sonegação e lavagem de dinheiro, a repercussão gerou preocupação na população, com temores de que as informações possam ser utilizadas para questionar rendimentos não declarados.
Técnicos da Receita esclarecem que os dados enviados são agregados, sem detalhamento de operações específicas, como Pix ou TED. Contudo, as mudanças coincidem com a retração no uso do Pix, evidenciando o impacto das novas medidas na percepção pública.
Preocupação do Banco Central
O Banco Central, criador do sistema Pix, expressou preocupação com a disseminação de informações incorretas que podem estar afetando a confiança no sistema, considerado uma das maiores inovações financeiras do Brasil. Apesar disso, o BC não emitiu comentários oficiais sobre a redução no volume de transações.
Contexto Econômico e Comparações
Embora seja comum observar uma redução no volume de transações entre dezembro e janeiro — reflexo do fim do 13º salário e das compras de Natal —, a queda de 2025 foi especialmente acentuada. Além disso, o número de operações realizadas entre os dias 4 e 10 de janeiro foi inferior ao registrado no mesmo período de novembro, outubro e setembro de 2024, algo raro para um sistema que, desde sua criação, apresentava crescimento contínuo.
Essa retração sugere que fatores adicionais, como a ampliação da fiscalização pela Receita Federal e a consequente preocupação dos usuários, podem ter contribuído para o comportamento atípico.
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