Ao todo, foram realizadas 1.461 entrevistas com homens e mulheres com mais de 18 anos em todo o paĂs. Os questionĂĄrios foram aplicados entre 2 e 4 de dezembro.
O estudo mostra que a maioria dos pais e responsĂĄveis de estudantes tanto da rede pĂșblica quanto da rede privada disseram que comprarĂĄ materiais escolares para o ano letivo de 2025: 90% daqueles com filhos em escolas pĂșblicas e 96% daqueles com filhos em estabelecimentos privados.
A maior parte das famĂlias precisarĂĄ comprar materiais escolares solicitados pelas escolas (87%), seguido de uniformes (72%) e livros didĂĄticos (71%).
Os pesquisadores estimam que os valores gastos com materiais escolares aumentaram ao longo dos Ășltimos anos, passando de um montante nacional de R$ 34,3 bilhões em 2021 para os atuais R$ 49,3 bilhões.
"É um gasto que vem crescendo e vem aumentando também o seu peso no orçamento dos famĂlias com filhos", destaca o diretor de Pesquisa do Instituto Locomotiva, João Paulo Cunha.
Cunha ressalta que esse impacto ocorre tanto para famĂlias com filhos em escolas pĂșblicas e também nas privadas. "Muita gente acha que pais que estão com filhos em escolas pĂșblicas, por, teoricamente, ganharem o uniforme, o material, não tĂȘm nenhum gasto. Mas a realidade é muito diferente. Praticamente todos os pais que tĂȘm filhos em escolas pĂșblicas acabam tendo que, pelo menos, complementar parte do material escolar, parte do uniforme, e acabam também tendo um peso no orçamento doméstico por conta disso."
A estimativa é que a maior parte dos gastos se concentre na classe B, R$ 20,3 bilhões; e na classe C, R$ 17,3 bilhões. Juntas, elas são responsĂĄveis por 76% dos gastos nacionais. A Região Sudeste concentra a maior porcentagem dos gastos, 46%, seguida pelo Nordeste, 28%. O menor percentual estĂĄ na Região Norte, 5%.
Esses valores impactam os orçamentos de 85% das famĂlias com filhos em idade escolar. O impacto é maior para as famĂlias de classe C, em que 95% disseram que os materiais impactam o orçamento familiar. Entre todos os entrevistados, 38% disseram que tĂȘm muito impacto no orçamento e 47%, que tĂȘm algum impacto. Apenas para 15% as compras de volta às aulas não tĂȘm impacto.
"Isso acaba tendo que sair de outros lugares. Cada famĂlia vai ter um arranjo diferente para conseguir ter esse tipo de gasto. Alguns vão ter que recorrer ao crédito, outros vão ter que tirar do guardado, mas o fato é que a maioria relata o peso e o impacto no orçamento doméstico", enfatiza Cunha.
Diante dessa situação, 35% disseram que irão recorrer ao parcelamento nas compras para o ano letivo de 2025. Entre as famĂlias da classe C, essa porcentagem sobe para 39%. A maioria, no entanto, 65%, pretende pagar à vista. Entre as classes A e B, essa porcentagem é ainda maior, 71%.
De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), os aumentos dos custos com materiais escolares se dão principalmente por conta de fatores como inflação anual e elevação nos custos de produção, além dos preços de frete marĂtimo, no caso dos importados, e alta do dólar. Para 2025, a entidade estima um aumento entre 5% e 9%.
Segundo o presidente Executivo da ABFIAE, Sidnei Bergamaschi, muitos itens que compõem as listas escolares são importados, como mochilas e estojos.
"Os itens que compõem a cesta, a lista escolar, vĂĄrios deles são itens importados. E aĂ, obviamente, quando vocĂȘ pega um ano que tem uma taxa de dólar mais alta, quando vocĂȘ pega um perĂodo como, por exemplo, pós-pandemia, que o frete marĂtimo internacional explodiu, o mundo se tornou cinco vezes mais caro do que ele custava, tudo isso acaba tendo algum impacto de custo e que vai terminar lĂĄ sempre para o consumidor", diz Bergamaschi.
A ABFIAE defende programas pĂșblicos para aquisição de material escolar, como o chamado Programa Material Escolar, implementado no Distrito Federal e nos municĂpios de São Paulo e Foz do Iguaçu, por meio do qual o poder pĂșblico oferece crédito a estudantes de escolas pĂșblicas para a aquisição dos materiais.
"Isso tem permitido que alunos da rede pĂșblica possam acessar materiais diferentes e possam também comprar somente aquilo que ele precisa e aquilo que às vezes ele não tinha acesso", diz o presidente da entidade.
A ABFIAE defende ainda a redução de impostos cobrados para esses produtos. Segundo a entidade, em alguns itens, os tributos chegam a representar 50% do valor do produto. "Nós fizemos esse pleito na reforma tributĂĄria, que ele fosse enquadrado junto com alguns itens que foram reduzidos, porque hoje vocĂȘ tem, normalmente, na faixa de 40%, até mais de 40% de impostos nos itens da lista escolar. Então, isso tem um peso grande no valor final", ressalta.
Fonte: AgĂȘncia Brasil