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Gastos com material escolar impactam orçamento de 85% das famílias

Por Eliashacker.com.br 02/01/2025 às 12:32:23

As famĂ­lias brasileiras gastaram R$ 49,3 bilhões com materiais escolares em 2024, o que representou um aumento de 43,7% ao longo dos Ășltimos quatro anos. O valor é uma estimativa de pesquisa inédita do Instituto Locomotiva e QuestionPro. O levantamento mostra que essas compras impactam o orçamento de 85% das famĂ­lias brasileiras com filhos em idade escolar e que um a cada trĂȘs compradores pretende parcelar para poder dar conta das despesas para o ano letivo de 2025.

Ao todo, foram realizadas 1.461 entrevistas com homens e mulheres com mais de 18 anos em todo o paĂ­s. Os questionĂĄrios foram aplicados entre 2 e 4 de dezembro.

O estudo mostra que a maioria dos pais e responsĂĄveis de estudantes tanto da rede pĂșblica quanto da rede privada disseram que comprarĂĄ materiais escolares para o ano letivo de 2025: 90% daqueles com filhos em escolas pĂșblicas e 96% daqueles com filhos em estabelecimentos privados.

A maior parte das famĂ­lias precisarĂĄ comprar materiais escolares solicitados pelas escolas (87%), seguido de uniformes (72%) e livros didĂĄticos (71%).

Os pesquisadores estimam que os valores gastos com materiais escolares aumentaram ao longo dos Ășltimos anos, passando de um montante nacional de R$ 34,3 bilhões em 2021 para os atuais R$ 49,3 bilhões.

"É um gasto que vem crescendo e vem aumentando também o seu peso no orçamento dos famĂ­lias com filhos", destaca o diretor de Pesquisa do Instituto Locomotiva, João Paulo Cunha.

Cunha ressalta que esse impacto ocorre tanto para famĂ­lias com filhos em escolas pĂșblicas e também nas privadas. "Muita gente acha que pais que estão com filhos em escolas pĂșblicas, por, teoricamente, ganharem o uniforme, o material, não tĂȘm nenhum gasto. Mas a realidade é muito diferente. Praticamente todos os pais que tĂȘm filhos em escolas pĂșblicas acabam tendo que, pelo menos, complementar parte do material escolar, parte do uniforme, e acabam também tendo um peso no orçamento doméstico por conta disso."

A estimativa é que a maior parte dos gastos se concentre na classe B, R$ 20,3 bilhões; e na classe C, R$ 17,3 bilhões. Juntas, elas são responsĂĄveis por 76% dos gastos nacionais. A Região Sudeste concentra a maior porcentagem dos gastos, 46%, seguida pelo Nordeste, 28%. O menor percentual estĂĄ na Região Norte, 5%.

Esses valores impactam os orçamentos de 85% das famĂ­lias com filhos em idade escolar. O impacto é maior para as famĂ­lias de classe C, em que 95% disseram que os materiais impactam o orçamento familiar. Entre todos os entrevistados, 38% disseram que tĂȘm muito impacto no orçamento e 47%, que tĂȘm algum impacto. Apenas para 15% as compras de volta às aulas não tĂȘm impacto.

"Isso acaba tendo que sair de outros lugares. Cada famĂ­lia vai ter um arranjo diferente para conseguir ter esse tipo de gasto. Alguns vão ter que recorrer ao crédito, outros vão ter que tirar do guardado, mas o fato é que a maioria relata o peso e o impacto no orçamento doméstico", enfatiza Cunha.

Diante dessa situação, 35% disseram que irão recorrer ao parcelamento nas compras para o ano letivo de 2025. Entre as famĂ­lias da classe C, essa porcentagem sobe para 39%. A maioria, no entanto, 65%, pretende pagar à vista. Entre as classes A e B, essa porcentagem é ainda maior, 71%.

Materiais escolares

De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), os aumentos dos custos com materiais escolares se dão principalmente por conta de fatores como inflação anual e elevação nos custos de produção, além dos preços de frete marĂ­timo, no caso dos importados, e alta do dólar. Para 2025, a entidade estima um aumento entre 5% e 9%.

Segundo o presidente Executivo da ABFIAE, Sidnei Bergamaschi, muitos itens que compõem as listas escolares são importados, como mochilas e estojos.

"Os itens que compõem a cesta, a lista escolar, vĂĄrios deles são itens importados. E aĂ­, obviamente, quando vocĂȘ pega um ano que tem uma taxa de dólar mais alta, quando vocĂȘ pega um perĂ­odo como, por exemplo, pós-pandemia, que o frete marĂ­timo internacional explodiu, o mundo se tornou cinco vezes mais caro do que ele custava, tudo isso acaba tendo algum impacto de custo e que vai terminar lĂĄ sempre para o consumidor", diz Bergamaschi.

A ABFIAE defende programas pĂșblicos para aquisição de material escolar, como o chamado Programa Material Escolar, implementado no Distrito Federal e nos municĂ­pios de São Paulo e Foz do Iguaçu, por meio do qual o poder pĂșblico oferece crédito a estudantes de escolas pĂșblicas para a aquisição dos materiais.

"Isso tem permitido que alunos da rede pĂșblica possam acessar materiais diferentes e possam também comprar somente aquilo que ele precisa e aquilo que às vezes ele não tinha acesso", diz o presidente da entidade.

A ABFIAE defende ainda a redução de impostos cobrados para esses produtos. Segundo a entidade, em alguns itens, os tributos chegam a representar 50% do valor do produto. "Nós fizemos esse pleito na reforma tributĂĄria, que ele fosse enquadrado junto com alguns itens que foram reduzidos, porque hoje vocĂȘ tem, normalmente, na faixa de 40%, até mais de 40% de impostos nos itens da lista escolar. Então, isso tem um peso grande no valor final", ressalta.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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