Um grupo de homens armados desconhecidos invadiu a embaixada do Irã em Damasco neste domingo (8), após a tomada da cidade por rebeldes islamistas e a derrubada do regime de Bashar al-Assad. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou que Assad fugiu do país, deixando "instruções" para uma transferência pacífica de poder.
Segundo a televisão estatal iraniana, os invasores não parecem estar ligados ao principal grupo rebelde que liderou a ofensiva na capital. A emissora também confirmou que o Irã havia retirado a maior parte de seus funcionários e suas famílias no sábado, deixando apenas um pequeno número de diplomatas na embaixada.
"Dizem que a embaixada iraniana foi invadida por um grupo armado diferente do que agora controla [a maior parte da] Síria", afirmou a televisão iraniana, referindo-se ao grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que liderou os recentes avanços dos rebeldes.
Imagens de Destruição e Saída de Assad
Imagens divulgadas por veículos árabes e iranianos mostraram os invasores revirando móveis e documentos dentro da embaixada, além de janelas danificadas.
Relatórios da televisão síria indicam que Assad e sua esposa, Asma al-Assad, fugiram de Damasco com seus três filhos durante o fim de semana. O destino da família ainda é desconhecido.
Um vídeo transmitido pela TV estatal síria mostrou homens declarando que Assad havia sido deposto e que todos os prisioneiros foram libertados.
O primeiro-ministro sírio, Mohammad Ghazi al-Jalali, declarou no início deste domingo que não sabe o paradeiro de Assad e que perdeu contato com ele na noite de sábado.
Rebeldes Celebram Tomada da Capital
Multidões reuniram-se nas praças centrais de Damasco para comemorar a saída de Assad. Alguns manifestantes entoaram slogans contra o antigo líder, enquanto tiros de celebração foram ouvidos em várias áreas da cidade.
A queda do regime Assad, que governava a Síria há mais de 50 anos, marca um ponto de virada monumental na política do Oriente Médio.
Liderança Rebelde e Perspectivas Futuras
O Hayat Tahrir al-Sham (HTS), grupo rebelde liderado por Abu Mohammed al-Golani, foi responsável pela ofensiva que culminou na queda de Assad. Al-Golani, que possui uma recompensa de US$ 10 milhões oferecida pelos Estados Unidos, busca apresentar uma imagem mais moderada de seu grupo, que tem raízes no Al-Qaeda.
Al-Golani proibiu seus combatentes de dispararem no ar em Damasco e declarou que as instituições públicas continuarão sob supervisão do primeiro-ministro até serem oficialmente transferidas.
Especialistas alertam que o HTS planeja impor um regime islamista totalitário semelhante ao Talibã, com algumas variações. "O HTS é uma ramificação da Al-Qaeda e possui conexões com a Turquia. Seu objetivo final é criar uma sociedade no estilo do Talibã", afirmou Phillip Smyth, especialista em grupos proxy iranianos e na guerra civil síria.
A queda de Damasco após 14 anos de guerra civil abre um novo capítulo para a Síria, mas as incertezas sobre o futuro político do país permanecem.
Fonte: Gazeta Brasil